📝RESUMO DA MATÉRIA

  • Um número crescente de pessoas com conjuntivite foi desencadeado devido uma intensa temporada de incêndios florestais no Canadá
  • Essa condição é a irritação da conjuntiva causada por alérgenos, produtos químicos e partículas na fumaça do incêndio florestal
  • O tempo que leva para os olhos doerem pode ser menor em pessoas com síndrome do olho seco, porque são mais sensíveis à poluição
  • Ficar em casa em dias de má qualidade do ar, permanecer com ar condicionado ligado ou procurar outro abrigo se não tiver ar condicionado em casa são algumas das medidas que podem, segundo especialistas, ajudar a diminuir a irritação. Evite coisas que aumentem a poluição do ar dentro de casa, como tabaco, lareiras ou velas

🩺Por Dr. Mercola

Segundo especialistas, a fumaça dos incêndios florestais no Canadá está relacionada ao aumento de doenças oculares. Faltando ainda um mês para o pico da temporada de incêndios, a área arborizada perdida para incêndios já é aproximadamente do tamanho do estado do Kentucky.

Com o início antecipado da temporada de incêndios, que já bateu o recorde de 1989, a poluição atmosférica produzida atingiu os EUA afetando a qualidade do ar em vários estados, do Centro-Oeste à costa do Nordeste.

Poluição do ar: Incêndios florestais aumentando a conjuntivite

Compostos minerais e orgânicos são os principais componentes das partículas que compõem a fumaça dos incêndios florestais. Esse material poluente particulado é causa de muitos problemas oculares, e isso é preocupante. Nos últimos anos os oftalmologistas notaram um crescimento nas queixas de irritação ocular e conjuntivite.

A conjuntivite, e a doença comumente chamada de olho rosa, possuem diferenças. A membrana fina e transparente que cobre os olhos e ajuda a mantê-los lubrificados, além de evitar a entrada de partículas que causem irritação, é chamada de conjuntiva. Ela também protege a córnea, pupila e a parte branca dos olhos. A conjuntiva produz um muco que junto ao óleo das glândulas meibomianas e com a substância aquosa das glândulas lacrimais formam as lágrimas.

A conjuntivite é uma das condições mais comuns a afetar a conjuntiva. Já, o chamado olho rosa é causado por infecção viral. A má qualidade do ar, produtos químicos e alérgenos podem também causar irritação na conjuntiva. Se for causada por irritantes não infecciosos, a conjuntivite é alérgica.

Milli Roy é professora assistente no departamento de oftalmologia da Universidade de Toronto e oftalmologista em Oakville, Ontário. Em conversa com o CTV News, ela falou a respeito do aumento de pacientes em seu consultório se queixando de agravamento da irritação ocular, por conta dos incêndios florestais que piora a qualidade do ar.

Segundo Roy: “O que estamos vendo é que a fumaça do incêndio causa irritação nos olhos.” “Isso produz o que chamados de conjuntivite por irritação externa. Além disso, com todas as toxinas que estão presentes no ar, a fumaça do incêndio florestal também atua como um alérgeno. Então, isso também pode causar um pouco de conjuntivite alérgica."

Embora a qualidade do ar no Canadá aparentar não ser tão ruim, segundo a CTV News, em um dia de junho, o ar de Toronto foi constatado como o pior do mundo, quando antes Montreal detinha o terrível título. A má qualidade do ar devido aos incêndios florestais, pode trazer malefícios como sensibilidade à luz, secreção aquosa nos olhos, queimaduras e lacrimejamento, comentou Roy.

Um estudo de 2022 indica que a poluição do ar causada por incêndios florestais pode causar danos na superfície ocular. O especialista em ciência e tecnologia da CTV News, Dan Riskin, notou que após o incêndio perto de Canberra, Austrália, 73% da população relatou irritação nos olhos, e isso foi cinco vezes “maior do que em locais sem incêndio.” Segundo sugestão dos cientistas, para que se possa compreender melhor como a exposição a um ambiente agudo e crônico pode danificar os olhos, mais pesquisas são necessárias.

A dificuldade pode ser maior para pessoas com olho ressecado

O olho seco, segundo Roy disse para CTV, aumenta a sensibilidade. Por isso, pessoas que apresentam esta condição são mais sensíveis à má qualidade do ar e às partículas. Você deve ter notado de alguma forma que seus olhos ficam mais secos que o normal durante alguns períodos. Medicamentos para resfriado ou alergia, estar perto de fumantes, ou trabalhar em um ambiente seco, por exemplo, podem diminuir e dissipar as lágrimas de forma mais rápida.

Mas, embora seja irritante, isso não é a síndrome. Esse problema de saúde pode ser causado por vários fatores como: as glândulas não produzirem lágrimas o bastante para manter a lubrificação dos olhos, as lágrimas secarem muito rápido, ou as lágrimas não serem eficazes para manter a lubrificação ocular.

Seja por síndrome do olho seco ou pela exposição ambiental aguda, se você tem olhos secos, pode sentir queimação, coceira acompanhada de ardência, embaçamento da visão e sensibilidade à luz. Provavelmente, a parte branca dos olhos terá aparência avermelhada. Essa condição pode ser diagnosticada por seu médico mediante histórico oftalmológico, exploração das causas possíveis e a testagem de suas lágrimas.

Segundo Roy, o olho ressecado é comum, e com o aumento dos irritantes externos vindo da fumaça de incêndios ambientais, o risco da conjuntivite também aumenta.

Marisa Sit é oftalmologista do Donald K Johnson Eye Institute. Em uma entrevista por telefone a respeito da exposição ao incêndio e os sintomas de conjuntivite ter potencial relação, “isso varia entre os tipos de condição pré-existentes e os indivíduos”, disse ao CTV News.

Uma série de problemas de saúde podem ser ligadas a má qualidade do ar

Segundo artigo publicado na Investigative Ophthalmology and Visual Science, estresse oxidativo e aumento de doenças relacionadas à idade, como degeneração da mácula, catarata e glaucoma, podem ser desencadeadas pela piora na qualidade do ar.

As pequenas partículas expelidas por incêndios florestais são os poluentes atmosféricos mais danosos, porque podem entrar nos pulmões e se alojar nos tecidos profundamente. De acordo com alerta emitido pela American Lung Association, essas partículas podem ocasionar derrames, ataques cardíacos e crises de asma.

Outra ameaça próxima a um incêndio é o nível elevado de monóxido de carbono, que reduz o fornecimento de oxigênio e provoca tonturas, dores de cabeça e náuseas.

Sintomas respiratórios, redução da função pulmonar, insuficiência cardíaca, ataques cardíacos e AVC, são efeitos a curto prazo semelhantes aos relatados pela EPA. Uma exposição de pouco tempo durante alguns dias à fumaça de um incêndio florestal é o suficiente para a função pulmonar diminuir. Mulheres grávidas, crianças, e pessoas com problemas cardíacos e respiratórios pré-existentes correm mais risco de ficar doentes com a fumaça dos incêndios.

Proteja seus olhos da má qualidade do ar

Roy diz que existem algumas medidas que as pessoas podem tomar para reduzir a irritação ocular por baixa qualidade do ar. Preste atenção aos seus sintomas e entre em casa se eles piorarem. Esse é o primeiro passo.

Há pessoas que não conseguem sair quando a qualidade do ar está ruim. Outras, encontram alívio com compressas frias. Óculos de proteção é essencial para pessoas que precisam ficar muitas horas ao ar livre devido ao trabalho. Eles ajudam a reduzir a quantidade de sujeira que chega aos olhos.

Evitar o uso de lentes de contato se possível e lembrar de lavar as mãos antes de tocar no rosto, também são dicas valiosas. Esfregar os olhos pode irritar ou arranhar a superfície devido à transferência de poeira, então, evite. Preste atenção às recomendações das autoridades de saúde locais e a qualidade do ar na sua área.

Mantenha janelas e portas fechadas e se possível ligue o ar condicionado, no caso de recomendação das autoridades para permanecer em casa. Porém, caso esteja muito calor e você não possua ar condicionado, procure outro abrigo. Evite usar em casa qualquer coisa que piore a qualidade do ar, como velas, produtos derivados do tabaco e lareiras.