📝RESUMO DA MATÉRIA

  • As dores de cabeça da enxaqueca podem ocorrer com ou sem auras, que são distúrbios visuais, como pontos cegos, perdas de visão, podendo incluir dormência, formigamento, dificuldade para falar, zumbido e fraqueza muscular
  • As auras são muitas vezes associadas a enxaquecas clássicas e comuns. Você pode reduzir de maneira significativa a ocorrência de enxaqueca, evitando fatores que você identifica que possam desencadear as mesmas
  • Gatilhos comuns incluem certos alimentos e bebidas, perda de sono, muitas horas de sono, estresse, desidratação, fome, esforço físico súbito e intenso; o aspartame é um gatilho insidioso, pois é encontrado em muitos produtos alimentares sem açúcar ou de baixa caloria
  • Os medicamentos utilizados na prevenção de enxaqueca podem ter efeitos colaterais perigosos; considere o uso de opções naturais, incluindo a correção de deficiências de magnésio, vitamina B2 e D, CoQ10 (ubiquinol) e acupuntura e melatonina. Opções naturais que ajudam a interromper uma enxaqueca incluem: óleo de hortelã-pimenta, cafeína e gengibre

🩺Por Dr. Mercola

Estima-se que a enxaqueca possa afetar 12% da população. As enxaquecas crônicas são a segunda condição mais incapacitante e estão associadas a doenças psiquiátricas, distúrbios do sono e doenças cardiovasculares. As enxaquecas muitas vezes começam antes dos 40 anos e durante a adolescência.

As mulheres são mais propensas do que os homens e as pessoas com histórico familiar de enxaqueca são mais propensas a ter enxaqueca. Seu médico pode solicitar exames de sangue e de imagem para descartar outras causas de dores de cabeça. Eles também podem pedir que você mantenha um diário para ajudar na identificação de gatilhos e desenvolver um plano de tratamento.

Apesar do número de pessoas que lutam contra a enxaqueca, os pesquisadores ainda não entendem de fato como e por que elas ocorrem. Para aumentar a complexidade, existem diversos tipos diferentes de enxaqueca, incluindo:

Cefaleia em salvas

Crônica

Episódicas

Basilar

Hemiplégica

Retinal ou ocular

Abdominal

Óptica

Com aura

Sem aura

Estado de enxaqueca

Transformada

Menstrual

Vestibular

O que é enxaqueca com aura?

Existem diversos motivos pelos quais as enxaquecas diferem de outras dores de cabeça. Elas são muitas vezes recorrentes, apresentando intensidade moderada a grave. Muitas vezes, ocorrem apenas em um dos lados da cabeça e podem vir acompanhadas de outros sintomas, como náuseas e sensibilidade à luz e ao som.

As enxaquecas podem durar algumas horas ou até 3 dias. Entre 1/4 e menos de 1/3 das enxaquecas apresentam uma aura. Os cientistas acreditam que as auras são causadas por ondas elétricas na região do cérebro que processa os sinais sensoriais.

Muitas vezes são distúrbios visuais, mas também podem envolver outros sentidos. Pessoas que sofrem de enxaqueca foram solicitadas a descrever as auras que experimentam, que incluíam distúrbios visuais, pontos cegos, perda de visão, formigamento, dormência, dificuldade para falar, zumbido e fraqueza muscular.

Dos diferentes tipos de enxaqueca, as auras são muitas vezes associadas às enxaquecas clássicas e comuns. Também é possível ter o que às vezes é chamado de “enxaqueca silenciosa,” durante a qual você sente sintomas sem dor. Este tipo de enxaqueca também pode incluir uma fase de aura.

Evite os gatilhos da enxaqueca

Uma meta preventiva bem-sucedida para intervenção farmacêutica em enxaquecas é definida como uma redução de 50% no número de enxaquecas ou dias de enxaqueca, ou uma resposta melhorada à medicação aguda. Os betabloqueadores são um dos tipos de medicamentos mais utilizados para tratamento profilático e são 50% eficazes na redução da frequência de ataques em 50% das vezes.

Medicamentos preventivos e de tratamento agudo podem provocar graves efeitos colaterais. Uma das melhores maneiras de abordar a prevenção da enxaqueca é eliminando a principal a causa, chamada de gatilho da enxaqueca. Existem diversos gatilhos conhecidos para enxaquecas, e o que desencadeia sua enxaqueca pode não desencadear uma dor de cabeça em outra pessoa.

Comece mantendo um diário do que você consome ou está exposto e quando sente dores de cabeça. Isso pode ajudá-lo a identificar fatores que desencadeiam suas dores de cabeça devido à enxaqueca. Alguns dos gatilhos de enxaqueca mais comuns incluem:

Alimentos e bebidas — Alimentos e bebidas que mais desencadeiam uma enxaqueca incluem trigo e glúten, laticínios, cana-de-açúcar, fermento, milho, frutas cítricas, ovos, cafeína, chocolate, conservantes artificiais ou aditivos químicos, carnes curadas ou processadas, álcool (destacando vinho tinto e cerveja) , aspartame, MSG e alimentos ricos em tiramina. Alimentos ricos em tiramina incluem: feijão, banana, chucrute e qualquer alimento envelhecido, em conserva ou fermentado.

A pesquisa publicada na revista Lancet, mostrou que aqueles que muitas vezes apresentam enxaqueca com imunorreatividade de antígeno alimentar experimentaram um alívio profundo quando colocados em uma dieta de eliminação. Outro estudo randomizado, duplo-cego e cruzado publicado em 2010, descobriu que uma restrição alimentar de 6 semanas produziu uma redução significativa nas enxaquecas em pessoas diagnosticadas com enxaqueca sem aura.

O aspartame é um gatilho insidioso da enxaqueca. Pode ser encontrado em produtos sem açúcar, como chicletes, e outros alimentos processados onde você pode não esperar. Diversos estudos demonstraram que aumenta as enxaquecas, que podem estar ligadas à excitotoxicidade, redução dos níveis de serotonina ou aumento da vulnerabilidade ao estresse oxidativo.

Se você suspeitar que pode ter uma alergia alimentar, sugiro fazer um desafio de dieta de eliminação para ver se seus sintomas melhoram. Não se esqueça de que, dependendo da frequência típica da enxaqueca, pode ser necessário evitar o alimento suspeito por algumas semanas para avaliar se ele teve efeito ou não.

Para confirmar os resultados, reintroduza o alimento ou bebida com o estômago vazio. Se o alimento suspeito for o causador, você notará que os sintomas vão retornar, embora as enxaquecas às vezes possam demorar mais do que outras reações relacionadas a alimentos, como inchaço ou sonolência.

Hormônios — Algumas mulheres experimentam enxaquecas pouco antes ou durante a menstruação, ou durante a menopausa. Outros podem apresentar enxaqueca devido à medicamentos hormonais, como pílulas anticoncepcionais ou terapia de reposição hormonal. O momento da dor de cabeça está associado a uma queda no estrogênio.

Estímulos externos — Luzes brilhantes, luzes fluorescentes, ruídos altos e cheiros fortes podem desencadear e/ou exacerbar uma enxaqueca. A luz azul, em particular, pode ser um problema. Muitos dispositivos digitais e fontes de luz LED emitem luz azul.

A pesquisa descobriu que essa luz aumenta a dor da enxaqueca e ativa o nervo trigêmeo, que está associado à dor da enxaqueca.

Dormir —Alterações no ciclo do sono, seja a falta ou o excesso do mesmo.

Estresse — Qualquer tipo de trauma emocional pode desencadear uma enxaqueca, mesmo após o estresse ter passado.

Desidratação e/ou fome — Pular refeições ou fazer jejum também são gatilhos comuns.

Esforço físico — O exercício intenso repentino pode desencadear uma enxaqueca.

Clima — Alta altitude ou muita umidade podem desencadear uma enxaqueca.

Opções naturais ajudam na prevenção ou tratamento de enxaquecas e auras

Além de evitar os fatores químicos ou ambientais que podem desencadear uma enxaqueca, existem opções naturais que você pode considerar para ajudar na prevenção ou tratamento de auras e enxaquecas.

1. Magnésio — Esse nutriente pode afetar tanto a função do receptor de serotonina quanto a produção e uso de neurotransmissores. O magnésio ajuda a reduzir o estresse e melhorar o sono; além disso, há evidências de que ajuda na prevenção e tratamento de enxaquecas. Pessoas que sofrem enxaqueca são mais propensas a sofrer de deficiência de magnésio do que as que não sofrem.

As deficiências podem resultar de uma variedade de razões, incluindo má absorção, baixa ingestão nutricional, perda renal ou aumento da excreção. A administração de magnésio é fácil e os pesquisadores observaram que o tratamento com um suplemento de magnésio é justificado para todos os que sofrem de enxaqueca.

Esteja preparado para aumentar sua ingestão por no mínimo 3 meses antes de obter resultados significativos. Isso deve ser combinado com CoQ10. O magnésio pode ser absorvido pela pele realizando banhos de sal Epsom. Caso prefira um suplemento oral, o treonato de magnésio pode ser sua melhor opção, pois tem capacidade de absorção superior e pode atravessar a barreira hematoencefálica.

2. Vitamina B2 — Também conhecido como riboflavina, um estudo demonstrou que aqueles que sofriam de enxaqueca crônica eram mais propensos a ter deficiências leves de riboflavina. Seu corpo utiliza riboflavina para reduzir o estresse oxidativo, que por sua vez reduz a inflamação. A vitamina B2 também é utilizada para atividades mitocondriais normais.

Foram descobertos através de estudos, que a riboflavina reduz a frequência dos ataques de enxaqueca, e doses diárias têm eficácia semelhante a dois medicamentos comuns para enxaqueca, propranolol e valproato de sódio, "com bem menos efeitos colaterais." A riboflavina é uma vitamina B solúvel em água, então você precisa de um suprimento consistente em sua dieta. Alimentos ricos em riboflavina incluem: folhas de beterraba, amêndoas, ovos de pasto, cogumelos cremini e espinafre.

3. CoQ-10 — Os dados também mostram que as pessoas que apresentam enxaqueca são mais propensas a ter uma leve deficiência de CoQ-10. Uma meta-análise de 6 estudos mostra que a CoQ-10 ajuda a reduzir a duração e a frequência dos ataques de enxaqueca e um estudo aberto demonstrou que parecia ser um bom preventivo sem efeitos colaterais.

Alimentos ricos em CoQ10 incluem: carne de gados alimentados com capim, arenque, frango orgânico, sementes de gergelim, brócolis e couve-flor. Se você considerar a suplementação, esteja ciente de que, à medida que envelhece, seu corpo não utiliza a CoQ-10 com eficiência. Em vez disso, considere o ubiquinol, que é a forma ativa e reduzida de CoQ-10, e é uma forma suplementar melhor em pessoas maduras.

4. Vitamina D — A deficiência de vitamina D também desempenha um papel nas dores de cabeça da enxaqueca. Um estudo com 157 pacientes, descobriu que aqueles com deficiência de vitamina D apresentavam um número maior de dores de cabeça a cada mês. Outro descobriu que apenas uma leve deficiência era suficiente para desencadear mais enxaquecas.

Sua pele produz vitamina D em resposta à exposição ao sol. A vitamina D é essencial para muitos processos biológicos e fisiológicos, incluindo a regulação da sua capacidade de combater infecções. A chave para obter os benefícios e minimizar o risco de queimaduras solares é não utilizar protetor solar. Esses em geral possuem produtos químicos desreguladores endócrinos. Em vez disso, é importante expor sua pele de maneira lenta.

Dr. Paul Saladino, autor de "The Carnivore Code," diz que a exposição à luz solar é crucial para a existência humana e ideal para a vida humana. Ele recomenda construir o que chama de calo solar através da exposição gradual sem queimar. É importante estar ciente de que sua dieta também desempenha um papel importante no risco de queimaduras solares. A ingestão elevada de ácido linoléico aumentará o risco de queimaduras solares, enquanto a eliminação de óleos de sementes reduzirá muito o risco.

5. Hortelã-pimenta— A hortelã-pimenta não é uma estratégia preventiva, mas abortiva, com histórico de tratamento de dores de cabeça, incluindo enxaquecas. Um estudo financiado pela Alemanha em 1996, concluiu que “um óleo de hortelã-pimenta a 10% em solução de etanol alivia com eficiência a dor de cabeça do tipo tensional. O óleo de hortelã-pimenta, portanto, prova ser uma alternativa bem tolerada e econômica às terapias usuais.”

Em um estudo triplo-cego, controlado por placebo, a aplicação tópica na testa utilizando mentol a 10%, o ingrediente ativo da hortelã-pimenta, revelou ser uma “opção terapêutica eficaz, segura e tolerável para o tratamento abortivo da enxaqueca.” Os dados também demonstram que a aplicação intranasal funciona tão bem quanto a lidocaína, medicamento prescrito.

6. Acupuntura — Um artigo escrito em 2012 e publicado no CMAJ, pedia que a acupuntura fosse uma opção no “tratamento de primeira linha para enxaquecas.” Um estudo publicado em 2020, analisou 15 revisões sistemáticas da literatura publicadas entre 2011 e 2019. Eles escolheram 11 que retornaram evidências de qualidade e concluíram a partir dessas evidências que “a acupuntura pode ser uma terapia eficaz e segura para a enxaqueca.”

Um estudo publicado em junho de 2022, avaliou o uso da acupuntura em pacientes com dores de cabeça crônicas do tipo tensional e descobriu que, após 8 semanas, a acupuntura verdadeira resultou em 68% dos participantes experimentando uma redução de 50% no número de dores de cabeça a cada mês em comparação com 50% daqueles que receberam acupuntura superficial.

7. Melatonina — O uso de melatonina pode estar relacionado à melhoria da qualidade e quantidade do sono, também um gatilho conhecido para enxaquecas. Os pesquisadores continuam avaliando o uso e o mecanismo através do qual a melatonina pode ser eficaz. Um artigo de 2001, chamou a melatonina de “segura para quem sofre de enxaqueca, com poucos ou nenhum efeito colateral.”

Uma revisão sistemática da literatura em 2019, avaliou os resultados de 7 estudos e determinou que a melatonina era uma alternativa promissora para o tratamento profilático. Outro artigo em 2020, descobriu que distúrbios do sono e enxaquecas podem ter comorbidades bidirecionais e a melatonina “representa uma estratégia de tratamento promissora para ambos os distúrbios, sobretudo quando essas condições são combinadas.”

8. Cafeína — Embora o consumo de cafeína possa desencadear uma enxaqueca em algumas pessoas, sobretudo quando o consumo é feito em excesso, sabe-se que uma combinação de acetaminofeno, aspirina e cafeína ajuda a aliviar a dor de enxaquecas leves a moderadas.

9. Gengibre — Há uma longa história de uso do gengibre na medicina tradicional chinesa e na medicina ayurvédica da Índia Oriental. Um ensaio clínico duplo-cego, randomizado e controlado comparou o gengibre contra o sumatriptano (nome comercial Imitrex) para o tratamento da enxaqueca. Eles descobriram que 1/4 de colher de chá de gengibre funcionou tão rápido e eficaz quanto o medicamento.

O gengibre também apresentou um perfil de efeitos colaterais melhor do que o medicamento sumatriptano. Outra meta-análise de estudos controlados randomizados foi publicada em 2021, onde os pesquisadores analisaram os dados de 3 estudos e determinaram que o gengibre era seguro e eficaz no tratamento, pois melhorou a dor de maneira substancial em 2 horas com poucos eventos adversos.


🔍Recursos e Referências