RESUMO DA MATÉRIA

  • Em 2018, os pesquisadores pediram uma revisão imediata das recomendações de saúde pública sobre exposição ao sol, observando que “a exposição aos raios UV sem queima é um benefício para a saúde e (com moderação) deve ser recomendada como tal”
  • A exposição consciente ao sol é a melhor maneira de otimizar seu nível de vitamina D. A exposição ao sol também traz benefícios à saúde, além da produção de vitamina D que ajudam a reduzir o risco de doenças crônicas e morte
  • Quando você é deficiente em vitamina D, sua saúde pode se deteriorar de diversas maneiras importantes, pois suas células precisam da forma ativa de vitamina D para obter acesso aos projetos genéticos armazenados dentro da célula

Por Dr. Mercola

Um artigo de 2019 na revista Outside, destacou a importância da exposição ao sol , afirmando que "as diretrizes atuais para a essa exposição são insalubres e não científicas, sugerem novas pesquisas controversas e de certo modo consideradas até racistas. Como nós entendemos tão errado?"

A pesquisa em questão, publicada no International Journal of Environmental Research and Public Health em dezembro de 2018, pediu uma revisão imediata das recomendações de saúde pública, observando que "a exposição aos raios UV sem queima é um benefício para a saúde e (com moderação) deve ser recomendada como tal."

Os autores alertaram que o público está sendo enganado e mal informado a respeito das ramificações para a saúde de se evitar o sol, pois há riscos significativos associados à deficiência de vitamina D, incluindo um risco aumentado de doenças cardíacas e diversos tipos de câncer, sobretudo câncer interno, mas também câncer de pele.

A pesquisa da vitamina D demonstra que ela está envolvida na função bioquímica de quase todas as células e tecidos do organismo, incluindo o sistema imunológico. Quando você possui pouca quantidade de vitamina D, sua saúde pode se deteriorar de várias maneiras importantes, porque suas células precisam da forma ativa dela para obter acesso aos projetos genéticos armazenados dentro da célula. Um comunicado de imprensa da Canadian Vitamin D Society observa:

"Os autores examinaram o estado atual da pesquisa científica e descobriram que queimaduras solares graves estão ligadas a um aumento do risco de melanoma, mas a exposição ao sol sem queima está relacionada a um risco reduzido.
"Essa é uma mensagem que o público nunca recebe das diretrizes atuais de saúde pública", afirma o Dr. David Hoel, autor principal, departamento de ciências da saúde pública da Universidade Médica da Carolina do Sul. “O público é levado a acreditar que toda exposição ao sol deve ser evitada e que evitar dessa forma é isento de riscos do ponto de vista da saúde. Esse não é o caso.'"

De fato, o artigo alerta que cerca de 12% de todas as mortes nos EUA podem estar relacionadas à exposição inadequada ao sol, e que evitá-lo é um fator de risco tão potente para a morte quanto fumar.

Diretrizes de exposição ao sol colocam certos grupos raciais em risco

É importante ressaltar que as diretrizes atuais, que recomendam evitar o sol para todos, são inadequadas para indivíduos de pele mais escura que não apenas correm um risco muito menor de danos à pele devido à exposição ao sol, mas também exigem muito mais exposição para produzir vitamina D e, portanto, tendem a ser mais propenso a possuírem deficiência de vitamina D.

Parece que as diretrizes atuais são muito mais prejudiciais para certos grupos raciais. A emissão de diretrizes de exposição ao sol que não levam em consideração a cor da pele é uma postura sem sentido e não científica, mas é a recomendação da maioria das organizações de saúde, incluindo o US Surgeon General, a American Academy of Dermatology e a Skin Cancer Foundation.

Quando perguntado por que as recomendações não levam em consideração o tipo e a cor da pele, o Dr. Henry Lim, que faz parte do comitê de fotobiologia da Skin Cancer Foundation, respondeu que essa informação é irrelevante porque os suplementos de vitamina D podem tratar a deficiência. Segundo Lima:

"Queremos simplificar como uma mensagem de saúde pública sobre o que o público deve ser capaz de absorver e entender. Para simplificar é muito complicado”

Mas, ao resumir demais o assunto, os dermatologistas colocam um grande número de pessoas em grave risco de deficiência de vitamina D, que pode não ser identificada até que os problemas de saúde já tenham se estabelecido. Além disso, pesquisas sugerem que a melhor e mais eficaz maneira de aumentar seu nível de vitamina D não é por meio de suplementação, mas pela exposição ao sol.

A exposição ao sol beneficia a saúde de inúmeras maneiras

De fato, a exposição ao sol oferece diversos benefícios à saúde além da produção de vitamina D, os quais contribuem para uma boa saúde. A vitamina D é apenas um marcador substituto para a exposição solar saudável. Conforme observado em Outside:

" Muitos pesquisadores argumentam que o que tornava as pessoas com altos níveis de vitamina D tão saudáveis não era a vitamina em si. Isso foi apenas um marcador. Seus níveis de vitamina D estavam elevados, porque eles estavam ficando muito expostos ao responsável por sua boa saúde, o sol."

O artigo cita a pesquisa do Dr. Richard Weller, dermatologista da Universidade de Edimburgo, que descobriu "uma via biológica que antes era desconhecida e responsável pela pele utilizar a luz solar para produzir óxido nítrico." Um gás conhecido por dilatar os vasos sanguíneos e baixar a pressão arterial, entre outras coisas.

A pesquisa de Weller confirmou que a exposição ao sol, 30 minutos no verão, sem protetor solar, elevou os níveis de óxido nítrico dos participantes e reduziu a pressão arterial. É provável que isso acontece através das frequências UVA e infravermelho próximo.

A relativa segurança do câncer de pele é ocultada, no entanto, pela combinação de estatísticas para câncer de pele não fatal e fatal. Os dois tipos mais comuns de câncer de pele, carcinoma basocelular (CBC) e carcinoma espinocelular (CEC), não são letais, e os aumentos relatados no câncer de pele referem-se a aumentos nessas formas não letais, não melanoma.

Outside cita Weller dizendo: "Quando diagnostico um câncer de pele basocelular em um paciente, a primeira coisa que digo é parabéns, porque você está saindo do meu consultório com uma expectativa de vida maior do que quando entrou." Como isso é possível, você pergunta? Porque os carcinomas estão muito ligados à exposição ao sol, e ela está associada a menor mortalidade e melhor saúde geral.

De fato, os trabalhadores internos possuem o dobro da taxa de câncer de pele melanoma letal do que os trabalhadores externos. Como observado por Weller, "o fator de risco para o melanoma parece ser sol intermitente e queimaduras solares, em especial quando você é jovem." Embora a queimadura possa aumentar o risco de melanoma, a exposição ao sol sem queima é importante para uma saúde ideal e longevidade.

Evitar o sol é tão arriscado quanto fumar por exemplo

Evidências convincentes que apoiam a ideia de que a exposição regular ao sol beneficia a saúde e a longevidade foram publicadas no Journal of Internal Medicine em 2014. Nesse estudo, liderado por Pelle Lindqvist, pesquisador sênior do Instituto Karolinska da Suécia, os hábitos de exposição ao sol de quase 30.000 mulheres suecas foram avaliados em um estudo de 20 anos. Segundo os autores:

"Descobrimos que a mortalidade por todas as causas estava relacionada de forma inversa aos hábitos de exposição ao sol. A taxa de mortalidade entre os que evitam a exposição ao sol foi de forma aproximada duas vezes maior em comparação com o grupo de maior exposição ao sol, resultando em excesso de mortalidade com um risco atribuível à população de 3%.
Os resultados desse estudo fornecem evidências observacionais de que evitar a exposição ao sol é um fator de risco para mortalidade por diversas causas. Seguir o conselho de exposição ao sol que é muito restritivo em países com baixa intensidade solar pode, de fato, ser prejudicial à saúde das mulheres.”

A mensagem que esse estudo passa, vale a pena repetir: as mulheres que evitaram o sol tiveram o dobro do risco de mortalidade daquelas que receberam exposição regular. Como observado em Outside, "Não há muitas escolhas diárias de estilo de vida que dobrem seu risco de morrer."

Dois anos depois, Lindqvist publicou um artigo de acompanhamento, no qual mais de 25.500 mulheres suecas entre 25 e 64 anos foram acompanhadas por 20 anos. Informações detalhadas sobre hábitos de exposição ao sol e fatores de confusão foram obtidas e analisadas em um cenário de "risco competitivo."

No geral, as mulheres que receberam exposição regular ao sol tiveram um risco maior de melanoma em comparação com as que evitam o sol, mas, de novo, elas ainda tiveram um risco menor de mortalidade por diversas causas, devido ao aumento dos níveis de vitamina D. Mulheres com hábitos ativos de exposição solar apresentaram menor risco de doenças cardiovasculares e morte por câncer em comparação com aquelas que evitaram o sol.

Além disso, evitar o sol foi considerado tão perigoso quanto fumar, em termos de seus efeitos na expectativa de vida:

"Os não fumantes que evitaram a exposição ao sol tiveram uma expectativa de vida semelhante à dos fumantes no grupo de maior exposição ao sol, indicando que evitar essa exposição é um fator de risco de morte de magnitude semelhante ao tabagismo. Em comparação com o grupo de maior exposição ao sol, a expectativa de vida dos que evitam essa exposição foi reduzida em 0,6 a 2,1 anos."

Pesquisa mostra que protetor solar não protege contra câncer de pele

Para piorar ainda mais, o conselho para usar protetor solar também está em um estudo científico instável. Conforme uma análise da epidemiologista Marianne Berwick, Ph.D., há muito pouca evidência para sugerir que o uso de protetor solar irá prevenir o câncer de pele.

Após analisar uma dúzia de estudos a respeito do carcinoma basocelular (CBC), que não é letal, e melanoma, que é a forma mais letal, Berwick descobriu que as pessoas que utilizam protetor solar na verdade tendem a ser mais propensas a desenvolver essas duas condições. Apenas dois em cada 10 estudos de melanoma descobriram que o protetor solar era protetor contra essa condição e três não encontraram nenhuma associação. Nenhum encontrou proteção ao uso de protetor solar contra CBC.

Conforme o estudo apresentado no International Journal of Environmental Research and Public Health, as diretrizes de exposição pública ao sol que desaconselham a "exposição excessiva" devem ser revisadas para especificar que é a queimadura solar que precisa ser evitada, não a exposição sem queima, e que a quantidade de exposição para se queimar varia dependendo do tipo de pele. Por ser mais específico, as necessidades de todos os grupos raciais seriam atendidas.

As necessidades de vitamina D são subestimadas por um fator de 10

Lembre-se de que a exposição ao sol é a maneira ideal de otimizar seu status de vitamina D. A exposição ao sol em uma quantidade suficiente de sua pele aumenta a vitamina D, mas também estrutura a água em suas células, metaboliza a vitamina A para que possa melhorar sua função imunológica, aumenta o óxido nítrico e a maioria importante aumentará o antioxidante, sendo esse de grande importância. A função da melatonina, em suas mitocôndrias é reduzir o estresse oxidativo e preservar seus sistemas de produção de energia celular.

É imperativo que você faça o que for preciso para trabalhar até uma hora de exposição ao sol todos os dias. Se você não mora em uma área onde isso seja possível, eu o aconselho a utilizar isso como uma desculpa para se mudar. Sim, se você valoriza sua saúde, é muito importante. A Flórida é uma ótima opção para muitos, pois não é apenas o estado do sol, mas é o mais comprometido em resistir à tirania.

Se você escolher por suplementar com vitamina D, entenda que é uma opção muito inferior. Você também precisará usar a dose correta. Muitos estudos consideram uma "dose alta" 2.000 Unidades Internacionais (UIs) por dia, o que não é uma dose alta. Na verdade, é inadequado para a maioria das pessoas. A pesquisa encontrou uma variabilidade de 6 vezes na resposta à dosagem, o que significa que uma pessoa que consome 5.000 UI de vitamina D por dia pode atingir um nível de apenas 20 ng/mL (50 nmol/L), enquanto outra é capaz de atingir um nível de 120 ng/mL (300 nmol/L) ingerindo a mesma quantidade.

É por isso que é tão importante testar seu nível de vitamina D em intervalos regulares. Você não pode considerar só por dosagem. Na realidade, você deve consumir qualquer dosagem necessária para obter o nível de vitamina D no sangue em uma faixa saudável.

Conforme um estudo da Anticancer Research, seriam necessários 9.600 UI de vitamina D por dia para que a maioria (97,5%) da população atingisse 40 ng/mL (100 nmol/L), o que a pesquisa sugere ser o limite muito baixo de suficiência. Isso está muito longe das 600 UI recomendadas pelo Institute of Medicine (IOM).

A ciência mostra que 20 ng/mL (50 nmol/L), tipicamente considerado como o ponto de corte para a suficiência de vitamina D, é inadequado e perigoso para a saúde. Para uma proteção ideal contra doenças, é necessário um nível de vitamina D no sangue entre 60 e 80 ng/mL (150 a 200 nmol/L).

Quando você fica acima de 60 ng/mL, o risco de câncer e outras doenças crônicas diminui de forma drástica no caso do câncer de mama, em mais de 80%. O estudo VITAL e outros semelhantes não forneceram aos participantes doses altas o suficiente para colocá-los em uma faixa de proteção.

Uma razão pela qual o público foi enganado na questão da dosagem decorre de um simples erro matemático que nunca foi corrigido. Como apontado em um artigo de 2014, o IOM subestima a necessidade por um fator de 10 devido a um simples erro matemático. Se esse erro de cálculo fosse corrigido, a recomendação oficial do IOM seria, na verdade, 6.000 UI por dia, e não 600 UI.

Você pode utilizar essa ferramenta simples da GrassrootsHealth, para calcular a ingestão adicional estimada de vitamina D necessária para atingir o nível sérico de vitamina D desejado.

Segundo dados publicados no Archives of Internal Medicine, 75% dos adultos e adolescentes americanos são deficientes em vitamina D, com base em um nível de suficiência de 30 ng/mL. Se o corte de suficiência fosse movido para 40 ou 60 ng/mL, as taxas de deficiência nos EUA estariam na faixa de 90%.

Mesmo com um nível de suficiência de 30 ng/mL, 97% dos afro-americanos e 90% dos mexicanos-americanos são deficientes nesse nutriente crucial, o que os coloca em risco aumentado de doenças crônicas. Lembre-se, é melhor otimizar seus níveis de vitamina D através da exposição saudável ao sol do que com suplementação oral.

Quanta vitamina D você pode consumir e quando?

Nossas pigmentações de pele estão ligadas a proximidades latitudinais ancestrais que otimizaram a pele de nossos ancestrais para a exposição ao sol. Quanto mais longe do equador nossos ancestrais viviam, mais clara sua pele, permitindo-lhes maximizar de forma biológica a disponibilidade limitada do sol e da luz UV.

Lembre-se: seu corpo produz vitamina D através da exposição à luz UVB. Para aqueles que vivem nas latitudes do norte, isso pode ser uma opção apenas por alguns meses a cada ano. Como regra geral, você deve viver abaixo de 22 graus de latitude se quiser produzir qualquer vitamina D durante o inverno. Os gráficos abaixo mostram a probabilidade de síntese de vitamina D nos EUA por mês.