📝RESUMO DA MATÉRIA
- A Food and Drug Administration (FDA) dos EUA divulgou um comunicado recente sobre moluscos colhidos no Oregon e Washington, pois foram encontrados níveis elevados de toxinas paralisantes por mariscos (PSTs).
- A saxitoxina, uma neurotoxina natural produzida por algas, pode ser prejudicial à saúde humana, pois danifica o tecido nervoso.
- Os sintomas da intoxicação paralisante por marisco (PSP) incluem dormência da boca e lábios, vômito, diarréia, tontura e náusea, dissociação e paralisia respiratória.
- Além dos mariscos contaminados com toxinas, os peixes radioativos também poderão em breve chegar ao seu prato, já que o governo dos EUA aprovou o consumo de frutos do mar colhidos na costa de Fukushima, no Japão.
🩺Por Dr. Mercola
Em um mundo perfeito, peixes e outros tipos de frutos do mar são alguns dos alimentos mais saudáveis que você pode consumir, pois oferecem ômega-3 e outros nutrientes benéficos. Mas com a maioria dos nossos cursos de água e oceanos agora poluídos de maneira severa com resíduos tóxicos, esses alimentos que antes eram nutritivos podem se transformar em bombas-relógio que podem levá-lo ao hospital.
Um comunicado recente sobre os mariscos do noroeste do Pacífico é um exemplo sombrio de quão tóxicos alguns tipos de frutos do mar podem ser. De acordo com a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, os mariscos colhidos no Oregon e em Washington estavam contaminados com uma neurotoxina perigosa que pode causar sintomas graves, incluindo paralisia.
Toxina causadora de paralisia encontrada em mariscos do noroeste do Pacífico
De acordo com o site da FDA, em 30 de maio de 2024, o Departamento de Agricultura de Oregon e o Departamento de Saúde de Washington enviaram um comunicado sobre o recall de ostras e amêijoas colhidas em suas águas. Descobriu-se que os mariscos apresentavam níveis elevados de toxinas paralisantes de marisco (PSTs), o que pode levar à intoxicação paralisante por marisco (PSP).
“A intoxicação paralisante por marisco, ou PSP, ocorre quando alguém ingere mariscos contaminados com saxitoxina, o que pode causar desconforto gastrointestinal, sintomas neurológicos e sensação de ‘flutuação’ ou dissociação”, conforme relata a NBC News.
Ostras e amêijoas colhidas no norte do Oregon (em específico nas baías de Netarts e Tillamook) desde 28 de maio estão afetadas. Os mariscos colhidos desde 26 de maio em torno da Baía de Willapa, no sul de Washington, também podem estar contaminados com essa toxina perigosa.
Até 11 de junho de 2024, pelo menos 31 pessoas no Oregon adoeceram depois de comer mariscos. Esses mariscos contaminados também estão circulando, pois foram comprados pelos consumidores e distribuídos para restaurantes e varejistas de produtos alimentares, não só nos dois estados mencionados, mas também no Arizona, Califórnia, Colorado, Havai, Nevada e Nova York.
O que causou essa contaminação generalizada de mariscos?
A saxitoxina é uma neurotoxina natural produzida por algas, sobretudo cianobactérias de água doce e dinoflagelados marinhos. Matthew Hunter, gerente do programa de mariscos do Departamento de Pesca e Vida Selvagem do Oregon, explicou que os níveis sem precedentes de saxitoxina no noroeste do Pacífico ocorreram devido a uma enorme proliferação de algas ao longo da costa do Oregon.
De acordo com a National Oceanic and Atmospheric Administration, a proliferação de algas nocivas (HABs) pode ocorrer de forma natural; no entanto, as perturbações no ecossistema provocadas pelas atividades humanas desempenham um papel importante não só na sua frequência, mas também na sua intensidade. Os níveis de toxinas não diminuem de maneira imediata – na verdade, pode levar semanas, meses ou até um ano para que a contaminação diminua, conforme observado pelas autoridades do Oregon.
“As autoridades do Oregon fecharam toda a costa do estado para a colheita de mexilhões, amêijoas e mariscos. As autoridades agrícolas também fecharam três baías, incluindo as mencionadas no comunicado da FDA, para a colheita comercial de ostras.
Autoridades do estado vizinho de Washington também fecharam a costa do Pacífico do estado para a captura de mariscos, incluindo mexilhões, amêijoas, vieiras e ostras, segundo um mapa de segurança de mariscos produzido pelo Departamento de Saúde do Estado de Washington", relatou a ABC News.
Sintomas de intoxicação paralisante por marisco
A saxitoxina pode ser prejudicial à saúde humana, pois danifica o tecido nervoso. O que a torna ainda mais perigosa é que os mariscos contaminados podem parecer seguros e normais – eles têm o mesmo aspecto, cheiro e sabor de outros mariscos limpos.
A FDA também alerta que mariscos contaminados podem reter saxitoxina por diferentes períodos de tempo. Alguns mariscos podem eliminar essa toxina de maneira rápida, enquanto outros demoram mais para removê-la do seu sistema. Isso aumenta o período de tempo em que eles podem ser tóxicos para os humanos.
Além disso, as toxinas PSP não podem ser mortas ou eliminadas pelo cozimento ou congelamento. Depois de ingerir a toxina, o desconforto gastrointestinal e sintomas neurológicos podem surgir dentro de minutos a algumas horas. Os sintomas, que podem ser leves ou graves, dependendo da quantidade de toxina que você ingeriu, incluem:
Ainda não há um antídoto para a intoxicação por saxitoxina. O tratamento médico requer administração de fluidos e suporte respiratório. A boa notícia é que se você sobreviver 24 horas com a toxina, o prognóstico costuma ser positivo e a toxina não terá efeitos duradouros.
Em casos sérios, porém, o envenenamento pode ser grave e exigir ventilação mecânica para ajudar o paciente a respirar. A intoxicação por saxitoxina pode ser fatal e ocorrer em apenas duas horas. Ela ocorre por asfixia, pois os músculos utilizados para respirar podem ficar paralisados. Devido à gravidade dos sintomas, o FDA recomenda consultar um médico se você desenvolver os sintomas mencionados acima.
Peixe radioativo para o jantar, alguém quer?
Mariscos contaminados com toxinas são apenas um dos muitos problemas que afetam suas opções de frutos do mar. Em breve, você poderá até encontrar peixes radioativos nos supermercados, já que o governo dos EUA aprovou o consumo de frutos do mar colhidos na costa de Fukushima, no Japão, que sofreu um grande acidente nuclear após o terremoto e tsunami de Tohoku em 2011.
No ano passado, a Usina Nuclear de Fukushima Daiichi começou a liberar no oceano, água residual nuclear, que foi utilizada para resfriar os reatores nucleares, expondo frutos do mar e a vida marinha a substâncias radioativas. Muitos grupos de pesca se opuseram a esses despejos de água residual, que devem continuar durante décadas.
Países vizinhos como a China e a Coreia do Sul, e até a Rússia, também expressaram preocupações sobre a contaminação radioativa da vida marinha e impuseram uma proibição às importações japonesas de frutos do mar como precaução. No entanto, o governo japonês afirma que os seus frutos do mar são seguros, chegando ao ponto de fazer com que as autoridades comam peixe de Fukushima em vídeo e o declarem “seguro e delicioso”.
O governo dos EUA apoia essas alegações; em setembro de 2023, as autoridades até participaram de um evento de “sushi e saquê” no Capitólio, onde cerca de 40 membros da Câmara dos Representantes degustaram peixe fresco japonês, como linguado e robalo, de Fukushima.
Um mês depois, o embaixador dos EUA no Japão, Rahm Emanuel, anunciou que o exército dos EUA compraria frutos do mar japoneses em grande quantidade e os forneceria aos membros das Forças Armadas estacionados em bases militares no Japão. De acordo com um artigo do The Defender, Emanuel diz que eles começarão com uma tonelada métrica de vieiras e, expandirão para todos os tipos de frutos do mar.
Mas trazer frutos do mar que podem ser radioativos para o nosso abastecimento alimentar é como jogar à roleta russa com a saúde das pessoas. O que é pior, os efeitos podem aumentar de forma gradual. Você pode não notar nenhum sintoma de imediato, mas eles podem se manifestar anos depois. Relatórios do Centro de Segurança Alimentar de Hong Kong:
"De acordo com um relatório divulgado antes pela Tokyo Electric Power Company Holdings (TEPCO), descobriu-se que uma amostra de peixe da área portuária da FNPS [usina nuclear de Fukushima] continha 18 vezes o nível da substância radioativa Césio, recomendado pelo Codex.
O césio pode ser absorvido pelo corpo através da ingestão de alimentos ou água potável. Após a ingestão, ele é absorvido pela corrente sanguínea, distribuído por todo o corpo e tende a se concentrar nos músculos. O peixe, se consumido, pode representar um risco para a saúde e aumentar a probabilidade de induzir câncer”.
Peixe de cativeiro – Outro tipo perigoso de frutos do mar a evitar
Essa questão dos venenos radioativos em frutos do mar fez com que muitos desistissem de comer peixe ou optassem por peixes de cativeiro, acreditando ser uma escolha mais segura. No entanto, você pode estar trocando um problema por algo ainda mais perigoso. Escolher peixes de cativeiro para evitar radiação não vai beneficiar sua saúde. Você pode evitar a radiação nuclear, mas estará exposto a uma quantidade muito maior de outras toxinas.
Além de ser uma das abordagens menos sustentáveis para a criação de peixes, a piscicultura também causa muitos problemas ambientais e representa riscos únicos para o seu bem-estar, talvez até piores do que a contaminação radioativa. Na verdade, os viveiros de peixes têm sido chamados de “CAFOs do mar”, pois levantam muitas das mesmas preocupações sobre produtos químicos e poluentes associados ao gado confinado e as fábricas de frango.
Ao contrário dos peixes selvagens, que se alimentam de organismos naturais e prosperam em seu habitat natural, os peixes de cativeiro são criados com uma dieta de ração processada, rica em gordura e rica em proteínas, que pode incluir tudo, desde soja geneticamente modificada (GM) e pesticidas, até bifenilos policlorados (PCB) e dioxinas, além de antibióticos.
O salmão é um dos tipos de peixe de psicultura industrial mais vendidos, e as fazendas de salmão são agora o tipo de sistema de produção de alimentos que mais cresce no mundo. No entanto, o salmão de cativeiro contém muito mais toxinas do que o salmão selvagem, sobretudo devido ao seu alto teor de gordura.
Como as toxinas da ração se acumulam na gordura do salmão, o salmão de cativeiro no geral apresenta níveis mais altos de contaminantes do que o salmão selvagem. Por exemplo, um estudo descobriu que entre 700 amostras de salmão coletadas em todo o mundo, o salmão de cativeiro tem níveis oito vezes maiores de concentração de PCB do que o salmão selvagem.
Como encontrar frutos do mar seguros
Com a maioria dos nossos cursos de água e oceanos poluídos com neurotoxinas, venenos radioativos e metais pesados como mercúrio, dioxinas e PCB, pode ser um desafio encontrar peixes não contaminados nos dias de hoje. O segredo é ser um comprador inteligente. Seja seletivo nos tipos de peixe que você consome, focando naqueles com alto teor de gorduras saudáveis e baixos em contaminantes.
Recomendo a compra de peixes selvagens, e o salmão sockeye selvagem do Alasca, na minha opinião, é um dos melhores, tanto em termos de nutrição como de potencial contaminação. Além de ser rico em gorduras ômega-3 DHA e EPA, o salmão selvagem do Alasca tem um ciclo de vida curto, o que significa que ele apresenta menor risco de acumular toxinas. E ele não se alimenta de outros peixes já contaminados, reduzindo ainda mais o risco de contaminação.
Outras ótimas opções são peixes pequenos, de água fria e gordurosos, como anchovas, sardinhas, cavala e arenque. Uma orientação geral é que quanto mais próximo da base da cadeia alimentar o peixe estiver, menos contaminação ele acumulará.
Se quiser tomar precauções, você pode tomar comprimidos de chlorella toda vez que comer peixe e outros frutos do mar. A Chlorella é um quelante de metais pesados e pode se ligar ao mercúrio e outras toxinas antes que seu corpo possa absorvê-lo, permitindo que essas substâncias nocivas sejam excretadas com segurança nas fezes. Além disso, é melhor evitar peixes maiores, pois eles tendem a viver mais e a apresentar níveis mais altos de contaminação. São eles:
🔍Recursos e Referências
- U.S. Food and Drug Administration, June 5, 2024
- Mar Drugs. 2013 Apr; 11(4): 991–1018
- NBC News, June 11, 2024
- ABC News, June 11, 2024
- U.S. News, June 11, 2024
- National Oceanic and Atmospheric Administration
- West J Emerg Med. 2014 Jul; 15(4): 378–381, Introduction
- Am J Trop Med Hyg. 2017 Dec 6; 97(6): 1731–1736
- Division of Environment Health Food Safety and Sanitation Program, Paralytic Shellfish Poisoning
- The Defender, Children’s Health Defense, June 6, 2024
- BBC, August 22, 2023
- AP News, September 8, 2023
- The Hill, November 10, 2023
- Japan Forward, September 21, 2023
- Centre for Food Safety, Food Safety Concern on Radioactive Contamination
- Organic Consumers Association
- World Wildlife Fund 2020
- Harvard Health Publishing, April 1, 2004