📝RESUMO DA MATÉRIA

  • Medicamentos prescritos para diabetes e perda de peso, agonistas do receptor do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1), aumentam o risco de pancreatite, gastroparesia e obstrução intestinal, revelou um estudo de 2023 no JAMA
  • Semaglutida (Ozempic) e liraglutida (Saxenda e Victoza), são dois medicamentos agonistas mais populares do receptor GLP-1. A demanda crescente por medicamentos prescritos para perda de peso disparou de 2019 a 2022, cerca 2.082%. E esses citados fazem parte dessa demanda
  • Os agonistas do receptor GLP-1 retardam o esvaziamento do estômago para que o usuário se sinta saciado por mais tempo. Eles imitam o hormônio natural do corpo e desencadeiam a desaceleração do trato gastrointestinal
  • Uma vez retirada a medicação de US$ 1.000 por mês, a maioria dos participantes recuperou dois terços do peso perdido, embora os dados mostrem que os participantes dos estudos tenham perdido peso
  • Além de ser provável que você recupere o peso quando parar, o uso de medicamentos para perda de peso pode levar a problemas de saúde permanentes e debilitantes. A resistência à insulina secundária à disfunção mitocondrial causada pelo excesso de estresse redutor, é a razão fundamental pela qual as pessoas ganham peso e melhores soluções abordam isso

🩺Por Dr. Mercola

Medicamentos prescritos para diabetes e perda de peso, agonistas do receptor do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1), aumentam o risco de pancreatite, gastroparesia e obstrução intestinal, revelou um estudo de 2023 no JAMA.

Um dos agonistas populares do receptor GLP-1 é a semaglutida, mais comumente conhecida como Ozempic. E a demanda por medicamentos prescritos para perda de peso disparou, com as prescrições aumentando 2.082% de 2019 a 2022. Ela é vendida sob dois nomes. Wegovy é vendido em doses mais altas como medicamento para perder peso e como Ozempic, é um medicamento para diabetes.

Embora tenha um custo financeiro e físico elevado, a empresa apresenta uma perda de peso de 14,9% em adultos com obesidade. Além de causar efeitos colaterais debilitantes como pancreatite e paralisia estomacal, o medicamento custa mais de US$ 1.000 por mês. Vamos dedicar um minuto para aprender como funcionam os medicamentos GLP-1, antes de examinar os resultados do estudo JAMA.

Como funcionam os medicamentos GLP-1

São uma classe de medicamentos prescritos para controlar os níveis de açúcar no sangue, os agonistas do GLP-1, e, mais recentemente, usados para tratar a obesidade. Seu corpo produz naturalmente o hormônio GLP-1 no intestino delgado, que estimula a liberação da insulina do pâncreas, bloqueia a secreção de glucagon, aumenta a saciedade e retarda a digestão. A maioria dos medicamentos com essa função são injetáveis ​​e o primeiro desta classe foi aprovado pelo FDA em 2005.

Os agonistas do GLP-1 imitam o hormônio, de modo que desencadeiam os mesmos efeitos e o medicamento se liga ao receptor. Há um atraso na passagem do alimento do estômago para o intestino delgado sem obstrução, esse esvaziamento gástrico retardado é a marca registrada da gastroparesia. Sensação de saciedade muito depois de comer uma refeição e sensação de saciedade após iniciar uma refeição, são os sintomas incluídos. O diabetes é a causa mais comum da gastroparesia.

4% vomitaram, 20% tiveram dores abdominais e 44% dos participantes que tomaram o medicamento sentiram náuseas, segundo consta nos ensaios clínicos do Wegovy. Em adultos com obesidade, os pesquisadores da Clínica Mayo também analisaram os efeitos da liraglutida, outro agonista do receptor GLP-1. O efeito da perda de peso da droga estava associado ao “atraso no esvaziamento gástrico de sólidos”, foi o que eles descobriram. Além de que os efeitos da perda de peso aumentavam quanto mais tempo a comida ficava no estômago. 

Após cinco semanas de tratamento com o medicamento, o tempo médio de esvaziamento gástrico foi de 70 minutos e até 151 minutos em alguns participantes. No grupo de placebo, o estômago normalmente esvaziava em quatro minutos. Ainda mais longo que o grupo do placebo, às 16 semanas, o tempo de esvaziamento gástrico diminuiu para 30,5 minutos. Os participantes não comeram tanto e se sentiram saciados por mais tempo, ao desacelerar drasticamente a digestão. Esse não é o único efeito da droga, entretanto.

Desenvolver pancreatite, gastroparesia e íleo valem a perda de peso?

O que ajuda a manter as pessoas saciadas por mais tempo, é que os agonistas do GLP-1 injetados amplificam o efeito do GLP-1 do corpo e retardam a digestão. Os pesquisadores procuraram avaliar o risco de eventos adversos gastrointestinais em agonistas do GLP-1 usados no off-label para perda de peso e no tratamento do diabetes, segundo estudo apresentado. 

As pessoas com diabetes tinham um risco subjacente aumentado de pancreatite, obstrução intestinal e gastroparesia, conforme descoberto por pesquisadores em estudos anteriores. Usando um banco de dados de alegações que captura 93% das prescrições ambulatoriais e dos códigos de diagnóstico CID-9 e CID-10, de 2006 a 2020 coletado por eles em uma amostra aleatória de pacientes. Os participantes escolhidos eram novos usuários de um dos dois agonistas do GLP-1, liraglutida ou semaglutida.

Os resultados foram comparados com a bupropiona-naltrexona. Dentro da coorte, havia 654 tomando bupropiona-naltrexona, 613 tomando semaglutida e 4.144 participantes tomando liraglutida. Embora não apresentassem doenças biliares, havia o risco de obstrução intestinal, gastroparesia e aumento de pancreatite naqueles que tomavam agonistas do GLP-1, conforme descobriram. Os resultados não foram alterados, quando os pacientes com hiperlipidemia foram retirados da análise.

A Science Alert observa que, embora o aumento do risco seja relativamente pequeno, ainda representa um aumento de quatro vezes no número de pessoas que correm o risco de desenvolver estas condições de saúde, considerando o número crescente de pessoas que utilizam os medicamentos.

O principal autor do estudo, Mahyar Etminan, Pharm.D, epidemiologista da Universidade de British Columbia, falando com a CNN, disse: “Quando você tem milhões de pessoas usando esses medicamentos, um risco de 1% ainda se traduz em muitas pessoas que podem sofrer esses eventos”. 

Apenas um mês antes da publicação do estudo em destaque, em 22 de setembro de 2023, o FDA adicionou “íleo” à lista de possíveis eventos adversos no rótulo do Ozempic, conforme relatado pela Forbes. Os alertas sobre íleo, que é uma condição de saúde que pode resultar em obstrução intestinal, já haviam sido feitos sobre o Mounjaro e Wegovy, dois outros agonistas do receptor GLP-1.

Não seria surpreendente se o risco de íleo e obstrução intestinal aumentasse, já que os agonistas do CLP-1 retardam o movimento no intestino delgado e também diminuem a velocidade de esvaziamento gástrico. 

Alterações intestinais são desencadeadas por agonistas do receptor GLP-1 

Em pacientes diabéticos que usaram agonistas do receptor GLP-1 encontraram um aumento de 3,5 vezes na taxa de obstrução intestinal num estudo com 25.617 pessoas, segundo foi relatado pelos autores em uma carta de 2023 ao editor da Acta Pharmaceutica. Em estudos com animais constatou-se que as drogas também aumentam o comprometimento e o peso do intestino delgado. 

Elas podem aumentar a altura das vilosidades e o comprimento intestinal, em humanos. No intestino delgado as vilosidades são projeções semelhantes a cabelos que auxiliam na absorção de nutrientes. Isso pode aumentar o risco de obstrução intestinal por afetar seriamente a função intestinal, porque“... o intestino delgado pode tornar-se tão fibrótico e elástico, semelhante a uma mola frouxa, levando a longo prazo a obstrução intestinal superior... "

Provavelmente porque é difícil medir o comprimento do intestino delgado, até a data, estas alterações não foram medidas no intestino humano. A Sociedade Americana de Anestesiologistas foi levada a divulgar um alerta para quem toma medicamentos com GLP-1 antes de cirurgias eletivas, devido ao atraso no esvaziamento do estômago. Para reduzir o risco de complicações associadas à regurgitação de alimentos, mesmo se você jejuar adequadamente, eles sugerem que os pacientes interrompam todos os agonistas dos receptores GLP-1.

Adiar o procedimento se houver sintomas de retardo no esvaziamento gástrico e não tomar o medicamento por um dia, pra quem toma diariamente, e uma semana para quem toma injeção semanal, é a recomendação da ASA. A ASA sugere o uso de ultrassom para avaliar o conteúdo do estômago antes da cirurgia, caso o paciente não tenha suspendido o medicamento, porque a probabilidade de ficar com o estômago cheio e o risco associado à anestesia é alto demais.

Os resultados de longo prazo são diferentes do esperado

Controlar os efeitos colaterais do medicamento e, ao mesmo tempo, atingir a dose-alvo personalizada pode levar alguns meses. E um ensaio duplo-cego envolvendo 1.961 adultos com um índice de massa corporal igual ou superior a 30, os investigadores administraram 2,4 mg de semaglutida, O estudo é da New England Journal of Medicine. A mudança no peso corporal desde a linha de base em 68 semanas foi 2,4% de perda de peso corporal no grupo placebo e uma perda de 14,9% no grupo de tratamento.

Durante 104 semanas, um grupo de adultos com obesidade ou excesso de peso e uma comorbidade relacionada, recebeu 2,4 mg de semaglutida por via subcutânea, num segundo estudo publicado na Nature Medicine. Nesse período, o grupo de placebo perdeu 2,6% do peso corporal versus o grupo de intervenção que perdeu 15,2% do peso corporal.

É importante notar que a empresa farmacêutica desenvolveu a semaglutida como um medicamento de uso crônico, embora estes resultados pareçam encorajadores. Deve ser usado regularmente por um longo período, em outras palavras. Um ano após a retirada do medicamento, os participantes recuperaram dois terços do peso perdido e os pesquisadores concluíram que "o tratamento contínuo é necessário para manter as melhorias no peso e na saúde”, segundo um estudo financiado pela Novo Nordisk e publicado em Diabetes, Obesity and Metabolism.

Efeitos colaterais significativos com tratamento de curto prazo que fizeram com que os participantes se retirassem dos estudos, também foi registrado na maioria deles. Convulsões, depressão, ansiedade, pesadelos, dificuldade para respirar, fala arrastada e convulsões são alguns dos efeitos colaterais graves e comuns da semaglutida.

Existe uma opção natural para 'injeções emagrecedoras?'

Nunca veremos a “cura milagrosa” de medicamentos para perda de peso em nossa vida e essa é minha forte convicção. Como foi demonstrado pela empresa farmacêutica que vende Wegovy e Ozempic, além de ser provável que você recupere o peso se parar de tomá-los, eles podem levar a problemas de saúde permanentes e debilitantes.

A resistência à insulina secundária à disfunção mitocondrial causada pelo excesso de estresse redutor, é uma razão atual pela qual existem melhores soluções para abordar essa que é a base fundamental pela qual as pessoas ganham peso. A principal causa do estresse redutor mitocondrial. É o excesso de ácido linoléico (LA) dos óleos de sementes. Para melhorar sua saúde e ajudar na perda de peso algumas estratégias incluem:

  • ​​ Consumir muito LA é o principal fator que impulsiona as epidemias de sobrepeso e obesidade – Reduza a ingestão de óleos de sementes enquanto aumenta as gorduras saudáveis. Encontrada em óleos de sementes como cártamo, milho, canola, caroço de algodão, girassol e soja, LA é um tipo de gordura ômega-6.

Antes de as condições crônicas de saúde, incluindo a obesidade, se generalizarem, nossos antepassados consumiam menos de 5 gramas de LA por dia, por isso considere reduzir para essa proporção. Com uma porcentagem de calorias diárias a quantidade pode ser melhor definida. Menos de 2% das suas calorias diárias devem ser de LA. Inserindo cuidadosamente seus dados alimentares no Cronometer, você pode acompanhar isso.

  • Praticamente todos contêm óleos de sementes, portanto, evite quase todos os alimentos ultraprocessados, fast food e comida de restaurante. Para saber o que está ingerindo, a melhor forma é preparar todos os seus alimentos em casa.
  • Use alimentação com restrição de tempo (TRE) - Nossa genética está otimizada para ter comida em intervalos variáveis, e não a cada poucas horas, porque nossos ancestrais não tinham acesso à comida 24 horas por dia, 7 dias por semana. Seu corpo se esquece de como queimar gordura como combustível, quando você come a cada poucas horas durante meses, anos ou décadas. O tempo de consumo de alimentos de oito a 10 horas ou menos na maioria dos dias da semana, é como as pessoas que praticam TRE limitam sua ingestão.
  • •Para ajudar contra a sensibilidade à insulina e na regulação do açúcar no sangue considere o uso de berberina – Como já havia mencionado antes, berberina é conhecido por ajudar a prevenir a diarreia, diminuir o risco de intestino permeável, nutrir micróbios benéficos e melhorar os sintomas da doença do fígado gorduroso, ele é chamado de “Ozempic da natureza”.

A melhora dos sintomas do TEPT em um modelo animal e o alívio dos sintomas de abstinência de opioides, bem como outros efeitos benéficos fora do trato gastrointestinal, incluem o alívio dos sintomas de ansiedade e depressão.