📝RESUMO DA MATÉRIA

  • Os cabelos ruivos, que são causados por uma mutação no receptor da melanoortina 1 (MC1R), um gene localizado no cromossomo 16, atinge apenas de 1 a 2 por cento da população global
  • Os ruivos, devido à sua pele naturalmente mais clara, são capazes de produzir vitamina D de forma mais eficaz que a maioria
  • Mesmo sem a exposição solar, pessoas ruivas correm mais risco de desenvolver câncer de pele, são mais sensíveis a dores, analgésicos e mudanças de temperaturas
  • Para uma saúde ideal, seu corpo necessita de uma quantidade certa de vitamina D, possuindo ou não o gene MC1R, portanto, se você mora em um clima frio e está enfrentando a “depressão sazonal”, ou mesmo por uma questão de controle, certifique-se de verificar seu índice de vitamina D

🩺Por Dr. Mercola

Da população global, apenas 76 a 152 milhões de pessoas, ou seja, entre 1 a 2%, tem cabelos ruivos. A coloração ruiva dos cabelos é causada por uma mutação do receptor melanocortina 1 (MC1R), ele é uma proteína envolvida na regulação da tonalidade de olhos, pele e cabelo. O MC1R é um gene localizado no cromossomo 16. Esse gene deve ser herdado de ambos os pais para que nasça um filho ruivo, pois é uma característica recessiva.

Desde “loiro morango” até cabelos castanhos com tons avermelhados, pele clara que pode ou não conter muitas sardas, são características causadas por variações do gene MC1R. Os ruivos correm risco maior de desenvolver câncer de pele, mesmo que evitem a exposição ao sol, e isso se deve ao tipo de melanina que seus corpos produzem.

Por outro lado, os ruivos produzem vitamina D com mais eficácia que loiros e morenos, pois a pele pálida tem mais sensibilidade à luz UV.

O cabelo ruivo e sua história

Os cabelos ruivos ocorrem com mais frequência entre os europeus do norte e do oeste e seus descendentes, embora não haja dados sobre a distribuição exata de pessoas com essa característica em todo o mundo. Segundo o autor de “The History of the Redhead”, Jacky Colliss, o gene MC1R se originou na Ásia Central e “prospera principalmente em regiões remotas e comunidades fechadas como Irlanda, Escócia e regiões costeiras da Escandinávia”, disse ao The Washington Post.

Segundo Harvey, as características dos ruivos vem de uma “mutação no gene MC1R que não consegue produzir eumelanina, que protege do sol e escurece a pele, pelo contrário, causa sardas, cabelos ruivos e pele pálida.” A cor do cabelo, dos olhos e da pele são determinadas pela melanina, uma proteína a qual existem dois tipos:

  • Eumelanina — Se você tende a ter cabelos castanhos ou pretos e pele escura ou fácil de bronzear, você produz principalmente eumelanina. Proteger a pele dos danos causados pelos raios UV solares é uma das funções da eumelanina.
  • Feomelanina — Se você tem cabelos loiros ou ruivos, sardas e pele clara que não bronzeiam bem, você produz principalmente feomelanina. A falta de proteção contra os raios UV causada pela feomelanina, aumenta seu risco de danos à pele causados pela exposição solar prolongada.

Países do norte da Europa abrigam uma proporção maior de ruivos do que qualquer outro lugar do mundo, sugere Jonathas Rees, professor catedrático de dermatologia da Universidade de Edimburgo, na Escócia e membro de uma equipe de cientistas que identificou variantes do gene MC1R em humanos. Segundo ele, na Irlanda e na Escócia estão as maiores concentrações de ruivos.

Rees diz que, “se você está no norte da Europa, você fica acostumado a ver cores bem diferentes de cabelos”. “Na Ásia, se você parar para pensar, é muito, muito raro ver alguém de cabelo ruivo. Assim como é extremamente raro ver alguém ruivo na maior parte da África. No mundo todo é uma característica rara."

Pessoas ruivas podem precisar de menos vitamina D

Os ruivos conseguem produzir vitamina D de forma mais eficiente do que as outras pessoas, devido à sua pele naturalmente clara. Os estilos de vida modernos e condições climáticas em muitas partes do mundo impossibilitam para alguns obter a quantidade suficiente de vitamina D, embora ela possa ser obtida naturalmente através da exposição sensata ao sol. Devido à sua pré-disposição genética, os ruivos a produzem por conta própria. Segundo Harvey:

“A sua pele clara dos nossos antepassados ruivos produzia vitamina D de forma mais eficiente a partir da fraca luz solar, fortalecendo os seus ossos e aumentando as probabilidades de sobrevivência das mulheres, gravidez e parto. Isso os dava uma vantagem notável sobre seus pares mais escuros, conforme migraram e se estabeleciam em climas mais frios e cinzentos.”

Ter cabelos ruivos e pele clara oferece uma vantagem importante para a saúde, segundo o The Daily Mail:

“Em relação às loiras ou morenas, as ruivas têm uma arma genética secreta que lhes permite combater certas doenças debilitantes e potencialmente mortais. A luz solar penetra com mais facilidade na tez pálida, facilitando a absorção de vitamina D. Isso ajuda a prevenir a doença pulmonar, a tuberculose, que pode ser fatal, e o raquitismo, que enfraquece as estruturas ósseas de forma progressiva.”

A vitamina D não é uma vitamina normal, apesar do nome. Obtida principalmente pela exposição ao sol, a vitamina D é um hormônio esteroide. Muitos de seus amplos benefícios para a saúde vem da sua capacidade de influenciar a expressão genética. Doenças crônicas como depressão, hipertensão, diabetes, obesidade, doenças cardíacas, entre outras, podem ter suas taxas diminuídas com o aumento da vitamina D3, tamanha a importância da vitamina D.

Quantidades suficientes de Vitamina D podem ajudar a reduzir o risco de vários tipos de câncer, além de contribuir para ossos fortes. A vitamina D também ajuda a proteger o corpo contra gripes e resfriados, porque ela fortalece o sistema imunológico, auxiliando o corpo a atacar e destruir vírus e bactérias.

Para uma saúde ideal é necessário Vitamina D suficiente

Seu corpo necessita de uma quantidade de vitamina D para proteger e promover sua saúde, independente de você possuir ou não o gene MC1R. O nível ideal de vitamina D60 a 80 ng/ml parece ser o ideal, embora para a saúde em geral estima-se na faixa de 40 a 80 nanogramas por mililitro.

A exposição sensata ao sol, regularmente, pode aumentar sua vitamina D, no entanto, isso pode ser impossível dependendo da localidade onde você reside. Nesse caso, para garantir uma máxima eficácia, você deverá tomar um suplemento oral de vitamina D3 com vitamina K2 e magnésio.

Medindo seu nível sanguíneo você pode determinar sua dose de manutenção. A preocupação principal, quando se trata de vitamina D, é verificar seus níveis duas vezes por ano, no meio do verão e no inverno, quando estão nos pontos máximo e mínimo. Se você estiver na faixa terapêutica, o indicado pelos especialistas em vitamina D é 4.000 UI por dia para adultos. Já se seus níveis estiverem baixos, 8.000 UI ou mais por dia podem ser necessários no início.

Você deve ficar atento aos seus níveis, principalmente no inverno. A “tristeza do inverno” pode levar a sentimentos depressivos por falta de exposição aos raios UV. Você pode estar com nível insuficiente de vitamina D, caso note seu humor mais embotado e nível de energia baixo.

Se você passar a maioria do tempo em ambientes fechados, usa protetores solares tópicos ou roupas compridas por motivos religiosos, pode correr o risco de perder vitamina D, mesmo que more em áreas que recebem sol.

Pessoas ruivas e o risco de melanoma

Se você possui o gene MC1R, corre risco de desenvolver o câncer de pele mais mortal, o melanoma. Muitos associam de forma errada que pessoas com pele clara correm mais risco, por possuírem o tipo de melanina que agem com menos eficácia como “protetor solar natural” contra os raios UV. Assim, pode-se concluir que os ruivos correm mais risco de câncer de pele, pois o sol é mais prejudicial a eles.

O melanoma, no entanto, atinge mais a pele que não está exposta ao sol, o que sugere haver outra explicação para tal crença generalizada. Estudos sugerem que os ruivos, na verdade, têm risco maior de melanoma, quer se exponham ou não ao sol.

A revista Nature publicou em 2012 um estudo que entre ratos criados para serem suscetíveis ao câncer, 50% dos “ruivos” desenvolveram melanoma com base em zero de exposição a raios UV.

Essa taxa foi esmadora em comparação com ratos pretos ou albinos. Os pesquisadores notaram que a exposição à luz UV não era a culpada, embora a princípio achassem que suas luzes estavam emitindo radiação UV. Em vez disso, o que desencadeia o câncer, é o próprio pigmento feomelanina, que dizem ser contribuinte do estresse oxidativo nas células da pele.

"É sabido há várias décadas que o UV excita quimicamente a feomelanina [variante do MC1R] e desencadeia a liberação de espécies reativas de oxigênio, enquanto a eumelanina marrom-preta tem alguma capacidade de absorver UV e também é ótima para extinguir os danos antioxidantes nas células.”, declarou o diretor do programa de melanoma do Massachusetts General Hospital, David Fisher em relação à pesquisa publicada na JAMA Dermatology em 2016.

Sensibilidade a dor e a temperatura é característica dos ruivos

Em comparação a pessoas com pele e cabelos mais escuros, os ruivos demonstram maior tendência a sensibilidade as mudanças de temperatura e à dor. No Kentucky, a universidade de Louisville realizou uma pesquisa comparando a tolerância a dor de 30 voluntários morenos com a de 30 ruivos. Enquanto as pessoas de cabelos escuros só começaram a tremer quando a temperatura caiu para perto de zero, os ruivos começaram a sentir dor por volta dos 6ºˢ.

Os pesquisadores acreditam que o gene MC1R é responsável pela detecção superativada de temperatura, tornando os ruivos mais sensíveis ao frio. O mesmo estudo usou a lidocaína, um anestésico local que entorpece uma área temporariamente. Seu uso foi muito menos eficaz em ruivos. Os autores do estudo declararam:

“Resumindo, embora as ruivas sejam mais sensíveis a dores térmicas do que as mulheres de cabelos escuros, elas não apresentam distinção quanto aos limiares basais de dor elétrica. Em adição, ruivos são mais resistentes a anestésicos subcutâneos como a lidocaína. Tais resultados corroboram e ampliam a prévia observação de que ruivos são mais resistentes a anestésicos voláteis.
Portanto, as mutações no receptor da melanocortina 1 parecer interferir na sensibilidade a dor. Só não se sabe ainda se esta alteração é ao nível periférico, central ou ambos.”

Você pode precisar de mais anestésico se possui o gene MC1R

Daniel Sessler, agora presidente do departamento de pesquisa de resultados da Cleveland Clinic, sugeriu que tal pesquisa confirmou evidências estranhas que ele reuniu, indicando que ruivos eram mais suscetíveis a certas dores.

Ele também ouviu a respeito da ansiedade e medo que ruivos sentem de ir ao dentista. Ele sugere, que se você está pretendendo passar por um procedimento odontológico ou cirúrgico que requer anestesia, relate ao seu médico que há possibilidade de você ser um pouco mais resistente aos anestésicos.

“Muitos ruivos tiveram experiências ruins devido a essa resistência”, disse Sessler. “Caso precisem de sutura em um corte, ou forem a dentista, será necessária mais anestesia local.”

Um estudo envolvendo 144 pessoas, 85 das quais possuíam variantes do gene MC1R, descobriu que participantes com tal gene eram mais medrosos, ansiosos e evitavam cuidados dentários. Esse estudo foi publicado no Journal of the American Dental Association.

Os portadores do gene MC1R são mais sensíveis aos analgésicos, segundo outras pesquisas sugerem. Aparentemente a mesma mutação MC1R, que tem a capacidade de liberar um hormônio no cérebro que imita as endorfinas, é a responsável pelos cabelos ruivos e pele clara. Uma das principais funções das endorfinas, embora tenham outras, é aliviar a dor.

Essa imitação afeta, em última análise, afeta como seu corpo recebe os sinais de dor do cérebro, fazendo com que você tenha mais sensibilidade aos analgésicos opioides prescritos, caso você seja ruivo. Assim, você poderá utilizar doses menores e atingir, ao mesmo tempo, níveis de tolerância à dor semelhante aos outros.