📝RESUMO DA MATÉRIA

  • O vitiligo é mais do que apenas uma condição cosmética, é uma doença autoimune que provoca a perda de pigmento da pele em certas áreas do corpo, causando manchas de pele branca
  • O vitiligo ocorre quando o sistema imunológico do seu corpo ataca e destrói os melanócitos epidérmicos, que são as células responsáveis pela produção do pigmento da pele (também conhecido como melanina)
  • Até o presente momento, não existe uma cura absoluta para o vitiligo. Seu tratamento é focado em reduzir o aparecimento de manchas brancas, estimulando a repigmentação da pele. A pesquisa mostrou que as escolhas de dieta e estilo de vida podem impactar nesse aspecto
  • O papel da nutrição está sendo cada vez mais reconhecido na patogênese do vitiligo. Também é considerado uma terapia adjuvante para tornar os tratamentos médicos convencionais mais seguros ou eficazes

🩺Por Dr. Mercola

O vitiligo é mais do que apenas uma condição cosmética, é uma doença autoimune que provoca a perda de pigmento da pele em certas áreas do corpo, provocando manchas de pele branca. Embora não seja uma ameaça à vida nem contagiosa, essa condição ainda é muito mal compreendida, afetando de maneira significativa a qualidade de vida do paciente devido ao seu impacto psicossocial negativo.

De fato, segundo um estudo do Journal of Dermatological Treatment, o vitiligo é uma “carga subestimada para pacientes, sistemas de saúde e sociedade na América Latina.” Nesse artigo, discutirei as causas e os sintomas do vitiligo, bem como as modificações na dieta e no estilo de vida que você pode adotar para ajudar a controlar essa condição.

Vitiligo 101: visão geral, causas e sintomas

O vitiligo é caracterizado por áreas despigmentadas da pele ou membrana mucosa, em geral começando como pequenas manchas brancas circulares chamadas “máculas.” Essas máculas podem permanecer do mesmo tamanho por anos, ou pode crescer, criando manchas maiores de pele despigmentada. O vitiligo pode aparecer em qualquer parte do corpo, mas em geral começa nas mãos, rosto, genitais e nas áreas ao redor de uma abertura corporal. O cabelo nas áreas afetadas também pode perder pigmento e ficar branco.

O vitiligo ocorre quando o sistema imunológico do seu corpo ataca e destrói os melanócitos epidérmicos, que são as células responsáveis pela produção do pigmento da pele (também conhecido como melanina). Isso pode ser resultado de diversos fatores, incluindo predisposição genética, estresse oxidativo, distúrbios hormonais ou metabólicos, estressores ambientais, estresse de melanócitos e respostas imunes inatas ou adaptativas anormais.

Até o presente momento, não existe uma cura conhecida para o vitiligo. Seu tratamento é focado em reduzir o aparecimento de manchas brancas, estimulando a repigmentação da pele. Isso é feito através de corticosteróides tópicos e procedimentos médicos como fototerapia. Porém, a pesquisa mostrou que as escolhas de dieta e estilo de vida também podem ajudar no gerenciamento dessa condição.

O que você deve consumir para ajudar no tratamento do vitiligo

O papel da nutrição está sendo cada vez mais reconhecido na patogênese do vitiligo. Também é considerada uma terapia adjuvante para tornar os tratamentos médicos convencionais seguros ou mais eficazes. Segundo um estudo publicado na revista Dermatologic Therapy, consumir alimentos funcionais, além de adotar uma dieta saudável e balanceada, “pode ser considerado parte integrante e útil da terapia médica do vitiligo.” Alguns dos alimentos que demonstraram potencial para ajudar a estimular a repigmentação e reduzir a aparência do vitiligo incluem:

  • Ginkgo biloba — Essa antiga planta chinesa possui propriedades imunomoduladoras e antioxidantes. Um estudo publicado na Clinical and Experimental Dermatology, mostrou que o ginkgo biloba ajudou a inibir a progressão do vitiligo quando utilizado via oral em uma dose de 40 miligramas 3 vezes ao dia. Alguns dos participantes também experimentaram repigmentação completa, levando os pesquisadores a concluir que é uma “terapia simples, segura e bastante eficaz” para o vitiligo.

Resultados semelhantes também foram demonstrados em outro estudo publicado na BMC Complementary e Medicina Alternativa. Além disso, o ginkgo biloba possui propriedades ansiolíticas, que podem ajudar a aliviar a ansiedade, fator que pode desencadear ou exacerbar o vitiligo.

  • Curcumina — Encontrado na cúrcuma, esse composto é um poderoso antioxidante que pode ajudar a inibir a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS), cujo nível elevado tem sido associado a uma resposta imune anormal e, por fim, à morte de melanócitos. A pesquisa também mostrou que o uso tópico de curcumina ajudou na redução do tamanho das lesões de vitiligo.
  • Capsaicina Um composto bioativo encontrado nas pimentas, a capsaicina exibe ações antioxidantes e anti-inflamatórias. Segundo um estudo publicado na Antioxidants & Redox Signaling, esse composto ajudou a interromper a progressão do vitiligo ao inibir o dano celular causado pelas ROS e melhorar a atividade mitocondrial.
  • Pimenta preta A pimenta-do-reino contém o alcaloide piperina, que se mostrou útil para estimular a replicação dos melanócitos. Quando utilizada com a fototerapia, a piperina contribuiu para uma pigmentação mais pronunciada da pele em modelos de camundongos.
  • Chá verde — As catequinas são responsáveis pela maioria dos benefícios para a saúde do chá verde. A epigalocatequina-3-galato (EGCG), em particular, demonstrou ajudar a proteger os melanócitos de danos, modulando as respostas imunológicas mediadas por células T, regenerando a função mitocondrial prejudicada, atenuando a apoptose e reduzindo a produção de ROS.
  • Khellin — Khellin é um medicamento tradicional extraído da planta Ammi visnaga e tem sido utilizado via oral e tópica para o tratamento do vitiligo. A pesquisa mostra que pode ajudar a promover a produção de melanina estimulando a proliferação de melanócitos.
  • Groselha indiana — Também conhecidas como amla, as groselhas indianas são ricas em nutrientes muito utilizados no tratamento do vitiligo por suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e repigmentantes, incluindo carotenóides, vitamina E e vitamina C.

Além disso, considere adicionar fontes dos seguintes nutrientes à sua dieta ou aumentar seus níveis por meio de suplementação, pois estudos descobriram que eles podem ajudar no tratamento do vitiligo:

  • Vitamina E — Segundo um estudo publicado na Skin Pharmacology and Physiology, pacientes com doenças autoimunes, incluindo vitiligo, apresentam níveis bem mais baixos de vitamina E, podendo contribuir para a patogênese dessa condição. Isso destaca a importância de incluir a vitamina E em seu plano alimentar.

Uma vitamina lipossolúvel com potentes propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, a vitamina E é encontrada em diversas frutas, vegetais e sementes, incluindo sementes de girassol, amêndoas, folhas de beterraba, couve, espinafre, abóbora, pimentão vermelho, aspargos, abacate e manga. A pesquisa também mostra que pacientes com vitiligo submetidos à fototerapia podem se beneficiar da vitamina E, pois ajuda a inibir os danos causados pelos raios UV.

  • Vitamina b12 e folato — A combinação da vitamina B12 e o ácido fólico (vitamina B9) é um dos tratamentos alternativos mais estudados para o vitiligo. Um estudo publicado na revista Acta Dermato-Venereologica, descobriu que essas vitaminas, em conjunto com a exposição ao sol, ajudaram a melhorar a repigmentação e interromperam a propagação do vitiligo.

Você pode obter vitamina B12 de alimentos de origem animal, incluindo peixes selvagens, carne e laticínios alimentados com capim, carnes de órgãos, frango caipira e ovos orgânicos. O folato, a forma natural do ácido fólico, é encontrado em vegetais de folhas escuras como espinafre, brócolis, couve de Bruxelas, nabo e alface romana, bem como em abacates, fígado bovino e ovos orgânicos.

  • Zinco Baixos níveis de zinco têm sido implicados na patogênese do vitiligo. Esse mineral desempenha um papel importante no apoio à função hormonal e enzimática normal, sendo um cofator para a superóxido dismutase, um antioxidante da pele. Também pode desempenhar um papel na produção de melanina, inibindo a destruição dos melanócitos. Algumas boas fontes dietéticas de zinco incluem ostras (de águas não poluídas), carne alimentada com capim e produtos lácteos, sardinha, ovos orgânicos e alimentos fermentados como iogurte e kefir.
  • Resveratrol — Segundo um artigo no Archives of Biochemistry and Biophysics, o resveratrol pode ter “efeitos terapêuticos contra muitas doenças e distúrbios, incluindo os da pele.” Seus efeitos benéficos vêm de suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, anticancerígenas e antidiabéticas. Os alimentos que contêm resveratrol incluem uvas, maçãs, mirtilos e cacau orgânico.
  • Vitamina C — A vitamina C é uma vitamina hidrossolúvel com propriedades antioxidantes e imunomoduladoras. Embora existam opiniões contraditórias a respeito dos benefícios da vitamina C no vitiligo por causa de suas propriedades de clareamento da pele, alguns pesquisadores sugerem que seu poder antioxidante supera esse efeito. Na verdade, é listado como um dos antioxidantes mais utilizados no tratamento do vitiligo. Como a vitamina C desempenha um papel importante em sua saúde, é ideal incluí-la em uma dieta saudável e equilibrada. É encontrado sobretudo em frutas cítricas como laranjas e limões, bem como vegetais de folhas verdes.
  • Gorduras ômega-3 As gorduras ômega-3 podem ajudar a melhorar sua função imunológica, inibindo a inflamação. As melhores fontes de gorduras ômega-3 são de origem marinha, como salmão selvagem do Alasca, sardinha, anchova e óleo de krill de origem sustentável.

Sete hábitos de estilo de vida que podem ajudar a controlar o vitiligo

Além de consumir alimentos benéficos para o controle do vitiligo, considere adotar as seguintes estratégias de estilo de vida para apoiar ainda mais seu sistema imunológico, melhorar a saúde da pele e prevenir o agravamento da doença:

1. Adote uma dieta sem glúten — O glúten pode causar inflamação e levar à autoimunidade contra os melanócitos. Um estudo publicado na Pediatric Dermatology que envolveu uma menina com doença celíaca, uma das condições autoimunes associadas ao vitiligo, mostrou repigmentação das lesões de vitiligo após uma dieta sem glúten.

Resultados semelhantes foram demonstrados em outro estudo publicado no Case Reports in Dermatology, em que os pesquisadores também observaram que a eliminação dietética do glúten “pode ser uma intervenção modificadora da doença para o vitiligo e deve ser considerada mesmo em pacientes sem doença celíaca concomitante.”

2. Evite alimentos com excesso e açúcar e processados — Uma dieta rica em amidos refinados, adição de açúcar e gordura trans, pode prejudicar a saúde intestinal e desencadear inflamação crônica, podendo exacerbar as lesões de vitiligo. A eliminação de carnes processadas, bebidas açucaradas como refrigerantes, óleos vegetais e lanches e sobremesas processadas como doces, batatas fritas e biscoitos pode ajudar na melhora de sua saúde geral.

3. Considere o uso de remédios tópicos naturais — Em vez de utilizar cremes esteróides, que podem colocá-lo em risco de efeitos colaterais, considere o uso de alternativas naturais para controlar as lesões de vitiligo, como o óleo de semente de cominho preto (Nigella sativa), que possui diversas propriedades farmacológicas, incluindo efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes e imunomoduladores, entre outros. Em um estudo publicado na Dermatologic Therapy, a aplicação tópica de óleo de semente de Nigella sativa levou a “repigmentação significativa” nas mãos, rosto e regiões genitais de pacientes com vitiligo.

4. Se exponha ao sol de maneira segura — Ter vitiligo pode torná-lo mais propenso a sofrer queimaduras solares, sobretudo nas manchas esbranquiçadas da pele, então você pode ter escutado falarem que é melhor evitar a exposição ao sol. Porém, evitar 100% a luz solar pode colocá-lo em risco de deficiência de vitamina D. A vitamina D é fundamental para uma boa saúde, sendo considerada benéfica no controle dos sintomas do vitiligo, inibindo a destruição dos melanócitos e regulando as respostas imunes.

Então, ao invés de evitar 100% o sol, você deve praticar hábitos seguros de exposição ao mesmo para otimizar seus níveis de vitamina D, e aumentar o protetor solar interno do seu corpo consumindo alimentos ricos em antioxidantes. Se precisar utilizar protetor solar, escolha um que não contenha produtos químicos tóxicos como oxibenzona, parabenos e palmitato de retinol. Caso esteja achando difícil se expor ao sol de maneira suficiente, considere utilizar um suplemento de vitamina D3 para evitar a deficiência.

5. Reduza seus níveis de estresse — O estresse crônico cria um ambiente pró-inflamatório, podendo resultar em respostas imunes desreguladas e desequilíbrio de citocinas, fatores implicados no desenvolvimento do vitiligo.

Existem diversas maneiras de gerenciar seus níveis de estresse, incluindo praticar meditação, fazer técnicas de respiração profunda, ouvir música e fazer técnicas de libertação emocional (EFT), uma forma de acupressão psicológica que envolve bater com as pontas dos dedos nos pontos de acupuntura enquanto expressa as palavras. de afirmação.

6. Tenha boas noites de sono — A falta de sono pode agravar os sintomas do vitiligo, portanto, certifique-se de ter no mínimo 8 horas de sono de alta qualidade todas as noites.

7. Pratique exercícios de maneira regular — A síndrome metabólica causada por um estilo de vida sedentário tem sido implicada no desenvolvimento e gravidade do vitiligo. Fazer exercícios leves a moderados de maneira regular pode ajudar muito a melhorar seu metabolismo, regular a inflamação, reduzir os níveis de estresse e melhorar sua saúde geral.


Fontes e referências