📝RESUMO DA MATÉRIA

  • As crianças que realizavam dietas veganas, enfrentavam um risco maior de deficiências nutricionais e menor conteúdo mineral ósseo (BMC), e eram mais baixas em cerca de 3,15 centímetros (1,2 polegadas) do que os onívoros
  • Deficiências nutricionais também foram encontradas nas crianças veganas alimentadas com uma dieta planejada por nutricionistas
  • As deficiências nutricionais em crianças veganas incluíam insuficiência de vitamina A e níveis baixos de colesterol total, HDL e LDL, aminoácidos essenciais e a gordura ômega-3 DHA
  • Uma das armadilhas de uma dieta vegana (ou vegetariana) é que muitas pessoas acabam dependendo de alimentos ultraprocessados, como fórmula infantil de soja, leite de soja ou produtos de carne falsificada
  • Na maioria dos casos, bebês e crianças se dão melhor com alimentos integrais de origem animal em sua dieta para atender às suas necessidades nutricionais complexas

🩺Por Dr. Mercola

O debate sobre a dieta mais saudável para crianças é quase tão controverso quanto o debate a respeito de dietas à base de vegetais X carne. E nenhum pai vegano gostaria de ouvir que alimentar seu bebê com uma dieta vegana é perigoso. No entanto, pode de fato ser prejudicial à saúde das crianças.

Embora seja verdade que a maioria das pessoas, inclusive as crianças, poderia se beneficiar da adição de mais alimentos integrais em suas dietas, incluindo certos alimentos à base de plantas, existem riscos envolvidos quando você passa de uma dieta rica em alimentos vegetais para uma baseada apenas em vegetais.

Enquanto o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS) compilou um guia para alimentar bebês veganos e crianças de 5 anos ou menos, foi observado:

"Não recomendamos uma dieta vegana. É importante observar que atender às necessidades nutricionais de bebês e crianças pequenas será um desafio em uma dieta vegana, e o uso de alimentos fortificados e alguns suplementos se faz essencial. Alimentos de origem animal fornecem boas fontes de muitos nutrientes para a dieta."

Crianças veganas podem enfrentar crescimento atrofiado e problemas ósseos

Um estudo realizado em crianças polonesas com idades entre 5 e 10 anos, avaliou a composição corporal, risco cardiovascular e status de micronutrientes de crianças vegetarianas e veganas em comparação com onívoros.

O estudo afirmou que as dietas veganas estavam associadas a um perfil de risco cardiovascular mais saudável, mas isso foi baseado em níveis mais baixos de colesterol LDL, um marcador defeituoso da saúde do coração. As crianças que realizavam dietas veganas, também enfrentam um maior risco de deficiências nutricionais, menor conteúdo mineral ósseo (BMC) e são mais baixas em cerca de 3,15 centímetros (1,2 polegadas). Segundo o estudo:

“Nossos dados sugerem que a restrição de alimentos de origem animal pode impedir que as crianças atinjam a altura ideal ou o estado mineral ósseo e pode levar a deficiências nutricionais selecionadas. A menor altura das crianças que consomem PBDs [dietas à base de plantas] pode ter implicações mistas para a saúde a longo prazo. A altura mais alta está associada a um status social mais elevado, e essa associação pode ser causal e não apenas um artefato de correlatos sociais.”

Os pesquisadores chamaram o conteúdo mineral ósseo mais baixo entre aqueles que seguem uma dieta vegana de “preocupante,” uma vez que maximizar o conteúdo mineral ósseo na infância é recomendado para reduzir o risco de osteoporose e fraturas mais tarde na vida:

"Descobrimos que os veganos possuem BMC mais baixo, mesmo depois de contabilizar o corpo e o tamanho dos ossos menores. Não parece ideal entrar na adolescência, fase em que as necessidades de nutrientes específicos do osso são maiores, com um déficit de CMO já estabelecido. Se tais déficits forem causados por uma dieta que persiste na adolescência, isso pode aumentar o risco de problemas ósseos adversos mais tarde na vida.”

Veganos enfrentaram diversas deficiências nutricionais

As crianças veganas do grupo eram mais propensas a sofrer de deficiência de vitamina B12, baixos níveis de HDL e níveis mais baixos de vitamina D, cada um dos quais poderia ter implicações para sua saúde atual e futura.

A vitamina B12, também conhecida por cobalamina, é necessária para a produção dos glóbulos vermelhos do sangue, e também para o funcionamento adequado do sistema nervoso e para a síntese de DNA. Sem níveis adequados, podem ocorrer diversos sintomas físicos, variando de dormência a fadiga. A saúde mental também pode sofrer de maneira significativa, pois a vitamina B12 desempenha um papel importante na função neurológica.

Foi demonstrado, por exemplo, que pessoas com depressão e elevados níveis de vitamina B12 respondem melhor ao tratamento,6 enquanto até 30% dos pacientes hospitalizados por depressão podem ter deficiência de B12.

Embora a colina, uma vitamina B conhecida por sua função no desenvolvimento do cérebro, não tenha sido abordada no estudo apresentado, é outro nutriente essencial que os humanos devem obter de fontes dietéticas ou suplementares. Alimentos de origem animal são os principais contribuintes de colina para a dieta, e é difícil obter o suficiente desse nutriente essencial se você não os consumir, sobretudo ovos, segundo um estudo publicado na revista Nutrients.

Em outro exemplo, os pesquisadores acompanharam 40 crianças com idade média de 3,5 anos que frequentavam uma creche finlandesa. Lá, eles receberam refeições veganas ou onívoras planejadas por nutricionistas, projetadas para atender às suas necessidades nutricionais.

Porém, mesmo assim, deficiências nutricionais foram encontradas nas crianças veganas, incluindo insuficiência de vitamina A e níveis "marcadamente baixos" de colesterol total, HDL e LDL, aminoácidos essenciais e a gordura ômega-3 DHA. Segundo os pesquisadores:

"O colesterol baixo em bebês e crianças veganas em nosso estudo levanta a questão de saber se tais níveis são saudáveis, já que o colesterol é essencial para o crescimento celular, divisão e desenvolvimento de sistemas fisiológicos devido ao seu papel principal na síntese de membranas celulares, hormônios esteroides, ácidos biliares e mielina cerebral...
O DHA e a vitamina A ativa são importantes para a visão, e o baixo status de ambos em crianças [veganas] pode aumentar a preocupação com a saúde visual.”

Recomendações para o leite de soja colocam as crianças em risco

O NHS também afirma que, a partir de 1 ano de idade, "você pode fornecer para o seu bebê bebidas sem açúcar, enriquecidas com cálcio e à base de plantas (como bebidas de soja, aveia e amêndoa) como parte de uma dieta saudável e equilibrada."

No entanto, a maior parte da soja não é apenas geneticamente modificada (GM) e pulverizada com pesticidas e herbicidas tóxicos como o "Roundup," com seu perigoso ingrediente ativo glifosato, mas os produtos de soja possuem fitoestrógenos como a genisteína, que podem afetar o desenvolvimento do sistema reprodutivo.

Se tratando da fórmula de soja, acredito que seja inadequada para todas as crianças. Mas as bebidas à base de soja também devem ser evitadas mais tarde na infância, e você vai querer evitar de fato os alimentos ultraprocessados como o Soylent.

Soylent é uma criação do Vale do Silício, idealizada por um grupo de engenheiros de software sem formação em nutrição ou biologia humana. A principal premissa por trás do Soylent é que você pode obter todas as suas necessidades nutricionais e nunca mais ter que consumir alimentos de verdade. Mas essa mistura GM, que é promovida como uma panaceia para preencher as lacunas nutricionais das pessoas que seguem dietas à base de plantas, não irá impulsionar você, ou seus filhos, para uma saúde ideal.

Seus produtos possuem ingredientes como isolado de proteína de soja, óleo de canola (uma importante fonte alimentar de ácido linoléico tóxico) sabores artificiais e o adoçante artificial Sucralose. Porém, uma das armadilhas de uma dieta vegana (ou vegetariana) é que muitas pessoas acabam confiando em alimentos ultraprocessados como esse, acreditando de maneira errônea que são saudáveis.

Carne falsa e à base de plantas, laticínios também não são saudáveis

Criar filhos com uma dieta de "hambúrgueres" à base de plantas também não está favorecendo a saúde deles. Trocar alimentos integrais tradicionais de pequenos agricultores por alimentos falsificados produzidos em massa e cultivados em laboratório é, infelizmente, parte integrante do "Grande Reset."

O Fórum EAT, co-fundado pelo Wellcome Trust, desenvolveu uma Dieta de Saúde Planetária, que é projetada para ser aplicada à população global e implica reduzir a ingestão de carne e laticínios em até 90%, substituindo-a em grande parte por alimentos feitos em laboratórios, com cereais e óleo.

Porém, isso não é o que você ou seus filhos precisam para prosperar, mas está sendo promovido como uma alternativa saudável, ecológica e sustentável aos alimentos de origem animal. Como tal, as proteínas do leite sem animais, cultivadas em laboratório, estão se tornando cada vez mais popular.

O processo para fazer essas misturas está longe de ser natural, mas uma empresa, Perfect Day, está tentando contornar isso, descrevendo seu processo como envolvendo "código da natureza," sendo outra maneira de descrever o DNA que eles estão manipulando.

Eles utilizam a microflora de fungos transgênicos, que chegam a dizer "pastagens" em insumos à base de plantas, esperando que sua mente volte a uma vaca pastando em um campo, em vez dos tanques nos quais seus fungos transgênicos são de fato cultivados.

É de fato revelador que, enquanto os produtos lácteos mais saudáveis ​​são obtidos de vacas alimentadas com capim que são integradas ao ambiente ao seu redor, as proteínas falsas do leite da Perfect Day só podem ser produzidas em um sistema isolado do mundo exterior.

No prefácio do relatório da Navdanya International "False Solutions That Endanger Our Health and Damage the Planet," Vandana Shiva também detalha como os alimentos cultivados em laboratório são catastróficos para a saúde humana e o meio ambiente, pois estão repetindo os erros já cometidos com a agricultura industrial:

“Em resposta às crises em nosso sistema alimentar, estamos presenciando o surgimento de soluções tecnológicas que visam substituir produtos de origem animal e outros alimentos básicos por alternativas cultivadas em laboratório. Os defensores dos alimentos artificiais estão reiterando a velha e fracassada retórica de que a agricultura industrial é essencial para alimentar o mundo.
Alimentos reais e ricos em nutrientes estão desaparecendo de maneira lenta, enquanto o modelo agrícola industrial dominante está causando um aumento de doenças crônicas e exacerbando as mudanças climáticas. A ideia de que alimentos de laboratório de alta tecnologia e "sem fazenda" são uma solução viável para a crise alimentar é apenas uma continuação da mesma mentalidade mecanicista que nos trouxe até onde estamos hoje, a ideia de que estamos separados e fora de natureza.
Os sistemas alimentares industriais reduziram os alimentos a uma mercadoria, a "coisas" que podem ser produzidas em laboratório. No processo, tanto a saúde do planeta quanto a nossa saúde foram quase destruídas."

Tenha cuidado com o leite materno falso chamado Biomilq

O leite materno é o alimento mais saudável para bebês, que não pode ser replicado em laboratório. Mas isso não impediu Bill Gates de anunciar a startup Biomilq em junho de 2020. Ela está utilizando biotecnologia para criar leite humano feito em laboratório para bebês.

Utilizando células epiteliais mamárias colocadas em frascos com meio de cultura celular, as células crescem e são colocadas em um biorreator que, segundo a empresa, "recria condições semelhantes às da mama." Outra empresa, a Helaina, pretende criar glicoproteínas "idênticas às encontradas no leite materno," que podem ser adicionadas a uma variedade de fórmulas infantis. Podem também ser utilizados na alimentação dos idosos e, de certo modo, em todo o tipo de alimentos.

Muitos globalistas familiares estão investindo nesses falsos empreendimentos lácteos. Os investidores da Biomilq, por exemplo, incluem Bill Gates, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg, Richard Branson, o CEO da SoftBank, Masayoshi Son, o magnata chinês Jack Ma, Michael Bloomberg e o co-CEO da Salesforce, Marc Benioff.

Espera-se que o primeiro produto Biomilq esteja pronto para o mercado nos próximos 3 a 5 anos. Espera-se que outros produtos lácteos sem origem animal cheguem às prateleiras entre 2023 e 2024. Isso inclui sorvete feito com laticínios cultivados em laboratório, previsto para entrar na linha de produtos da Ben & Jerry's.

Mas não se engane. Carne e laticínios falsificados não podem substituir a complexa mistura de nutrientes encontrada na carne e laticínios alimentados com capim, ou no leite materno humano, sendo provável que o consumo de carne ultraprocessada e alternativas ao leite possa levar a muitos dos mesmos problemas de saúde causados ​​por uma dieta de alimentos processados. Portanto, caso seja vegano ou crie filhos veganos, não baseie sua dieta nesses pseudo alimentos.

Qual é o alimento mais saudável para bebês?

O leite materno é o alimento mais saudável para bebês, mas se você for um vegetariano estrito ou vegano, se certifique de suplementar quando necessário, incluindo colina, ômega-3, ácido fólico e vitamina B12. Se você não conseguir amamentar ou obter leite humano para o seu bebê, não recomendo o uso de fórmula infantil comercial e sobretudo variedades à base de soja.